Com o tema Aquecimento Global: Um Desafio para a Mídia, Porto Alegre recebeu em 2007 a segunda edição do Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA). O evento aconteceu na Ufrgs e reuniu profissionais de jornais e revistas de todo o País para tratar das transformações que vinham acontecendo no planeta. Acompanhei debates, oficinas e conferências com alguns dos principais pesquisadores da temática naquela época. Voltei à redação da Gazeta e compartilhei a experiência com os colegas. Em resumo: há 16 anos falamos do que vemos hoje.
Há alguns dias, a notícia foi o aumento nas emissões de gases do efeito estufa, que, segundo a ONU, atingiu níveis sem precedentes. Sexta-feira, dia 17, uma jovem de 23 anos morreu no show da cantora Taylor Swift, no Rio de Janeiro. Naquele dia, os termômetros passaram dos 40 graus e o público de 60 mil pessoas “cozinhou” em um estádio lotado.
Em Santa Cruz, a água voltou a atingir casas na região do Bairro Várzea no sábado passado. No Vale do Taquari, o medo tomou conta das famílias que ainda tentavam se restabelecer depois da enchente devastadora de setembro. Moradores do interior de Candelária também ficaram apreensivos com mais uma cheia do Rio Pardo. A Ponte da Integração entre Lagoão e Gramado Xavier, inaugurada com festa em julho, depois de quase 30 anos de espera, foi levada pela correnteza. Agora sabe-se lá quantos anos serão necessários para reconstruir a estrutura que encurtava caminhos e trazia esperança de desenvolvimento àquela região. Tivemos ainda, há poucos dias, um novo recorde na incidência de granizo nas lavouras de tabaco. Terminamos a semana impressionados com as rachaduras nas ruas de Gramado, onde um prédio desabou e casas precisaram ser interditadas.
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Repararam que a toda hora vivenciamos situações que estão diretamente ligadas à questão ambiental e climática? Há quem ainda considere tudo isso um exagero e diga que já tivemos outros episódios semelhantes. Pode ser que já tenha acontecido, como bem sabemos, mas agora os reflexos são ainda maiores, pois temos cidades estruturadas e milhões pessoas vivendo nelas. Não é possível relativizar a devastação que nos assombra. Muito menos podemos aceitar que devemos nos acostumar com situações assim.
Esperar dos governos ações efetivas vai ser difícil. Se falta dinheiro para reforma de escola e remédio no posto de saúde, vai ter dinheiro para prevenção a tragédias ambientais? Empresas responsáveis investem em práticas que visam amenizar os seus impactos na linha do ESG, ou seja, a governança, social e ambiental. Mas o desafio é grande, como disseram os CEOs de algumas das maiores multinacionais presentes no Brasil no Congresso Sustentável pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que acompanhei em São Paulo.
Não há uma solução ou uma resposta pronta. Todos podem fazer alguma coisa quando se trata da temática ambiental, que acaba mexendo com o resto todo.
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Cidadãos comuns, como eu e você, leitor, também somos responsáveis. Vamos começar separando o lixo direitinho e fechando a torneira na hora de escovar os dentes. É pouco, mas o mundo agradece.
Temos um verão pela frente e mais uma vez vai faltar água para as lavouras, as pessoas e os animais.
Voltaremos a falar sobre a importância de se investir em poços, cisternas e sistemas de irrigação.
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Cobraremos soluções imediatas, mas dificilmente elas virão. Isso porque nos últimos meses pouco ou nada foi feito como forma de prevenir o que está por vir. Esse é o desafio constante da mídia: contar o que aconteceu, mostrar caminhos e cobrar soluções.
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