A partir da definição, na Gazeta Grupo de Comunicações, de que seria designado para a cobertura da 7ª Conferência das Partes (COP 7) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, em andamento ao longo da semana na região metropolitana de Nova Délhi, na Índia, comecei a fazer sucessivas leituras sobre esse país e sua vasta cultura. Busco mergulhar nos assuntos e nos temas dos quais me ocuparei, no âmbito profissional ou na vida, e isso jamais seria possível sem a leitura. De maneira que nas últimas semanas minha cabeça já estava envolvida com a complexidade cultural, religiosa e socioeconômica dessa nação.
Cerquei-me de estudos, reportagens, relatos de viagem e obras de ficção sobre o país, e acabei por ler cerca de dez volumes. Mas o fato é que nada do que se leia, ouça ou saiba sobre a Índia prepara a gente ou dá conta efetivamente do que se encontra na realidade ao visitar essa terra. É um choque cultural tão intenso, tão visceral, que basta sair na área externa do aeroporto para constatar que tudo o que se conhecia, em ambiente de rotina, de repente deixa de valer como referência. Não é apenas a evidência de que há muita, muita gente nas ruas, gente nas mais contrastantes condições, do maior poder aquisitivo à indigência absoluta, todos convivendo em meio a lixo e à onipresença do cheiro de uma cidade mal-cuidada, sobrecarregada, arrasada pela poluição. O que se apresenta é um caldeamento cultural tão variado, impossível de reduzir a poucas classificações, e que, mesmo parecendo chocante, se movimenta e se organiza com naturalidade e entrega, e assim segue sua vida.
Nas ruas, o barulho das buzinas é onipresente, dia e noite. Aí convivem carros, caminhões, bicicletas, autorriquixas (ou tuctucs, como são chamados os triciclos motorizados), além de uma imensa massa humana que se desloca a pé (ou nem se desloca), cercada de cães, gatos, vacas (quando menos se espera, uma delas surge na via, balançando-se preguiçosamente). Duvida-se que em certas ruas de tráfego intenso os motoristas consigam destrinchar um roteiro, mas sempre conseguem, e sem respeitar qualquer regra. Se não bastasse, o volante fica do lado direito do carro, o que aumenta ainda mais, no turista, a sensação de vertigem. Cruzam uns pelos outros raspando os veículos, a mão firme na buzina.
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Por aqui, as impressões acerca do Brasil são muito boas. Em meados de outubro, o presidente Michel Temer esteve na reunião de cúpula dos países do Brics, em Goa, na Índia, grupo que agrega ainda Rússia, China e África do Sul. Na ocasião, teve encontros específicos com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Os dois países estão determinados a estabelecer laços industriais e a fomentar suas indústrias. É um sinal claro de que em breve se ouvirá falar muito mais da Índia no Brasil, bem mais do que costuma transparecer nos chavões de uma novela. Para isso, talvez devamos tornar a leitura sobre temas atinentes a essa nação e esse povo um procedimento de rotina.
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