Sou assíduo leitor de cronistas, muitos desconhecidos do grande público. Não importa a publicação, seja jornal, revista, site ou blog. O critério envolve a busca de textos inteligentes, atuais e que digam respeito ao cotidiano.
Entre os melhores destaco Romeu Neumann, jornalista, amigo, ex-colega da Gazeta do Sul. Recém-chegado a Santa Cruz do Sul, no distante 1983 (no século passado!), deparei-me com um profissional competente, editor do suplemento “Gazeta Rural”. No dia a dia, se revelou parceiro de humor discreto e arguto observador.
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Em sua recente coluna, Romeu Neumann foi preciso através da crônica “Entre a coerência e a hipocrisia” onde, em resumo, trata da falta de observância dos princípios básicos da boa convivência. Num dos trechos escreveu: “A régua moral e, ou pelo menos deveria ser, o que hoje poderia denominar de QR-Code Ético de uma pessoa, nossa identidade, porque somos únicos. Na prática, não parece ser mais assim. É como se a configuração individual de cada pessoa estivesse embaçada, embaralhada, indefinida, que já não se deixa decodificar”.
É isso que se observa no trânsito, na fila do supermercado e do elevador, nas discussões irracionais de política e futebol. A ausência de civilidade e paciência é onipresente. Preceitos básicos, herdados do convívio familiar, evaporaram com o passar dos anos.
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Olhando à distância, parece que o mundo adotou a premissa de que “os fins justificam os meios”, ou seja, para chegar-se ao objetivo final são ignorados os limites éticos e legais. Por exemplo, diante de um carro estacionado em fila dupla na frente de uma escola, esbravejamos sonoramente, não raro com ríspidos palavrões. Mas assim que a necessidade aparece para nós, usamos do mesmo subterfúgio, aproveitando a brecha (e a vaga irregular) para resolver o nosso problema.
A falta de comprometimento na educação dos filhos é outro fenômeno do mundo moderno, com agravante de que pais terceirizam a incompetência aos professores. De nada adianta cobrar educação e respeito dos herdeiros se os responsáveis agem de maneira condenável, servindo como péssimos exemplos de comportamento.
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O ambiente familiar ainda é o espaço ideal para a formação de indivíduos cônscios de suas responsabilidades como cidadãos. É dentro de casa que se ensinam princípios e valores, se impõem limites para que os filhos não sofram as frustrações como adultos imaturos e se cobra diuturnamente respeito e bom senso.
Romeu Neumann encerrou de forma brilhante a crônica ao lembrar de um professor de Direito. Diante de um dilema, aconselho: “Defendam uma tese para resolver o problema. Se não acharem a solução, pelo menos não se afastem da lógica e da coerência, porque é isso que a vida vai cobrar de vocês”.
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