A cada ano, mais salientes ficam as evidências de que é o campo que impulsiona o desenvolvimento. Por mais que os formadores de opinião e os tomadores de decisão ainda permaneçam instalados em escritórios nos arranha-céus urbanos, consultando o smartfone em sala refrigerada, é ao ar livre e com chapéu na cabeça, na imensidão de lavouras, pastos e pomares, que estão os heróis destes tempos. Na gestão pública e na política, andamos mais capengas do que nunca. Na economia em geral, vive-se um inesgotável ver para crer. No campo, não basta ver nem crer. Quem pretende colher precisa plantar. E tem se plantado como nunca! E colhido.
O fato é que, enquanto a maioria dos setores mal engatinha numa possível retomada, no meio rural os trabalhos vão de vento em popa. Até quem quase nunca, ou raramente, repara no que ocorre em áreas afastadas dos grandes centros de repente começa a se impressionar, e finalmente começa a salientar os méritos dos agropecuaristas. Não fossem eles, dos micro, mini, pequenos e médios aos grandes produtores, nestes tempos bicudos de aperto no bolso, muitos teriam passado fome. Ganhando bem ou nem tanto, sofrendo com a instabilidade do tempo e do mercado financeiro, o meio rural seguiu plantando.
Agora, mal chegados a este 2017, eis que do campo já vem a notícia, praticamente consolidada, de que se está colhendo a maior safra da história. Nos últimos dias, pudemos conferir na mídia, em jornais, rádios e TV, que, se na construção civil e em setores como o metalmecânico, milhões perderam o emprego, no agronegócio os postos de trabalho seguem intactos, e inclusive se contrata. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em levantamento deste início de fevereiro, aponta que o Brasil deverá colher quase 220 milhões de toneladas de grãos, salto de nada menos que 17,4% em relação ao ano passado. Colaborou o clima, sem dúvida, com chuvas regulares, que, na região, favoreceram tabaco, soja, milho, arroz, pasto, todas as culturas.
Fica patente que a participação do agronegócio não é, como alguns insistem, apenas a terça parte da economia – como se 1/3 fosse pouco. Fora dos grandes centros, o agronegócio é praticamente tudo. Se o campo não colhe e não vende bem, todos se ressentem, dos aluguéis às lojas, dos restaurantes à costureira. Até porque em cidades pequenas e médias, tudo se move no compasso do interior.
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Após duas décadas circulando por todo o Brasil entre reportagens e participação em eventos, pude firmar ponto de vista privilegiado da importância de mais de 30 cadeias produtivas. Das frutas à cana, das florestas às criações de gado, suínos, aves, búfalos, ovinos e caprinos; do algodão ao café; da soja, do milho e do arroz às flores e à piscicultura, o Brasil é uma terra tão rica, versátil e privilegiada que, sim, chega a dar pena e desconsolo a obviedade de não termos uma classe dirigente à altura desse verniz. Pois da porteira para fora…
Em algum momento, queira o destino que seja logo, precisamos aprender sobre competência e eficiência com esses especialistas, que têm os pés no chão e o olhar no horizonte.
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