Neste sábado, 12 de dezembro, completa-se um ano da partida de um grande personagem da nossa terra: Arno João Frantz, então já com 97 anos de existência em nosso meio. Pode-se acrescentar: um ano de saudades do “Seu Arno”, como foi identificado na biografia que sobre ele escrevi, para homenagear ainda em vida, quando fazia 93 anos, essa verdadeira lenda da política santa-cruzense. Um livro que procurou narrar “a fantástica história de um político que conquistou respeito até pelo bom humor”.
Vivenciamos um ano de saudades do homem e do político que conquistou um espaço inolvidável na vida da comunidade de Santa Cruz e da região. Saudades da pessoa pública verdadeiramente pública, que se sentia à vontade no meio do povo, sempre com um sorriso no rosto e uma gentileza a oferecer, e até mesmo reprimenda se fosse necessário, mas feita com carinho, e assim não doía. Do homem que até brigava se fosse necessário, mas, como se diz no popular, não ficava “de mal”.
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Na verdade, ele estava de bem com as pessoas e buscava o seu bem, pelo meio de uma das atividades mais complexas e incompreendidas, a política, que ele na verdade amava e dizia que não podia viver sem ela. E a vivia com dedicação permanente, intensidade, honestidade, honra. Não é por acaso que as pessoas sentem saudades dessa figura exemplar, também nesse campo de atuação.
Os santa-cruzenses lembram com carinho do seu nome, associado não poucas vezes ao folclore das piadas, tão mencionadas em congraçamentos, encontros, viagens, que neste ano de coronavírus também ficaram na saudade. O livro já contém uma infinidade de casos e causos que ele mesmo contava, que outros comentavam dele e ele gostava que o fizessem (pois “é importante que se fale, e assim se lembre, do político”), além de mais alguns encontrados nas longas pesquisas feitas na Gazeta do Sul e outras entrevistas, como a que aconteceu para um grupo de jornalistas na então revista Alto Falante, regada a chope, onde o entrevistado soltou a língua e belas histórias.
Quanto perguntado qual era a anedota a ele atribuída que mais lhe agradava, não hesitou em lembrar a que teria acontecido na Linha Nova, para onde, a pedido de uma senhora, enviara uma carga de brita para melhorar a estrada de acesso à propriedade e pedira para “não espalhar”, preocupado com a enxurrada de pedidos que receberia na sequência se a notícia se espalhasse. Ao voltar um tempo depois à localidade, viu que a carga continuava intacta e questionou a senhora por que ainda estava assim, quando ela simplesmente respondeu: “Ué, não foi o senhor mesmo que pediu para não espalhar?”. Entre suas vitórias destacamse ter sido três vezes vereador (do início de 1960 a 1972), duas vezes prefeito (de 1977 a 1982 e de 1989 a 1992, elegendo inclusive seus sucessores, Armando Wink e Edmar Hermany, nos respectivos mandatos), e, por fim, deputado estadual (de 1995 a 1998). E ainda em vida pôde ver seu vice no segundo mandato de prefeito, o deputado federal Telmo Kirst, eleger-se por duas vezes seguidas para o mesmo cargo de chefe do Poder Executivo Municipal e realizar, da mesma forma, administrações fecundas.
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Agora, próximo de fechar-se um ano do falecimento de Arno, a atual vice-prefeita Helena Hermany, casada com o seu sobrinho, viria eleger-se para o mesmo posto máximo do Município, fazendo lembrar mais uma vez do seu nome e de sua história, que haverão de ser rememorados para sempre, por todos que o conheceram, e com o sentimento inevitável de muitas saudades.
Muitas realizações
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Nos campos pessoal, político e administrativo, Arno João Frantz deixou um legado que a comunidade certamente não esquecerá. Seu jeito simples e acolhedor de ser, sua popularidade em todos os aspectos, sua visão sobre o melhor futuro da comunidade e suas ações em prol do seu desenvolvimento ficaram marcados na história municipal e regional, registrados em obras nos mais diversos recantos, em múltiplas placas de inauguração, no livro de sua história e no coração das pessoas.
Um ser político por natureza e vivência, ele ensinava, como foi escrito na referida publicação, que “política nada mais é que uma arte. Tem que ter tempo, consciência, compreensão, paciência, para vencer”, lembrando ainda que é importante falar a linguagem do povo, no caso santa-cruzense não dispensando o dialeto alemão. E, sobre o sucesso nos governos municipais, além de lembrar do qualificado assessoramento, frisava que “o bom prefeito deve ser tanto político como administrador”. Com essa receita, espalhou realizações por todas as partes, desde o centro e os bairros às mais longínquas picadas.
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Basta citar obras consideradas quase impossíveis de realizar à época, como a nova rodoviária, em local mais afastado do centro, e do grande ginásio poliesportivo que carinhosamente leva seu nome, “Arnão”. A eles se acrescentam urbanizações marcantes, como a Zona Norte da cidade, pavimentações na cidade e no interior, com grandes reequipamentos rodoviários, incluindo o asfaltamento a Monte Alverne, que também recebeu sua denominação; escolas por toda parte e eletrificação com o maior projeto rural da época; municipalização da saúde; primeiras creches públicas (com o apoio da primeira-dama Edeltraud, falecida antes dele, em 2007) e tantas iniciativas sociais e comunitárias.
Tudo isso será lembrado com muito carinho, não só por sua única filha, Else, o genro Arvidt Froemming, netos Evelyn, Cristian e Alexander e bisneta Mariana, mas por todos os familiares, amigos e toda a comunidade. Dela, ao final da sua vida, caminhando ainda pela cidade, desde seu único bem imóvel que detinha ao longo de sua extensa trajetória política, era alvo de admiração e respeito praticamente generalizados, inclusive de seus adversários nas caminhadas políticas. É como dizia o advogado Fernando Bartholomay, na apresentação do livro Seu Arno, ou “Nosso Arno”, como o denominou, parafraseando pessoas do interior que o recebiam numa inauguração: “Arno Frantz é e sempre será amado pelo povo (…) Ele merece. Com certeza (…) nunca nos deixará”. Mesmo porque, como já disse alguém, as pessoas não morrem quando são lembradas.
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