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Tudo o que você precisa saber sobre a síndrome dos ovários policísticos

Por Carlos Eduardo Kampf
Médico ginecologista, obstetra, ultrassonografista e especialista em medicina fetal Fertilitat

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma desordem complexa que atinge cerca de 9% a 19% das mulheres em idade reprodutiva. É uma das alterações endócrinas mais comuns nessa fase da vida.

Sua alta prevalência já seria suficiente para mostrar a magnitude do problema, mas somam-se a isso danos estéticos causados pelo hiperandrogenismo (acne, pele oleosa, excesso de pelos, entre outros) e a associação com infertilidade, o que resulta muitas vezes em distúrbios psicossociais e no comprometimento da qualidade de vida dessas mulheres.

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A etiologia da doença é multifatorial e pouco conhecida, mas fatores ambientais e genéticos têm sido atribuídos para o surgimento da síndrome. A origem genética pode estar associada, uma vez que há maior frequência em mães e irmãs de pacientes com SOP. Entretanto, o modelo de hereditariedade permanece incerto e desconhecido.

Além de problemas na ovulação nas pacientes que estão tentando gestar (fator responsável por cerca de 75% a 90% dos casos de infertilidade de origem ovariana), existe associação com distúrbios metabólicos como a obesidade (50% das pacientes), resistência à insulina (50%-70% das portadoras), diabetes melitus (risco duas vezes maior), hipertensão arterial sistêmica (risco duas vezes maior), síndrome metabólica e dislipidemia (elevação do colesterol e triglicerídios no sangue).

As manifestações clínicas são caracterizadas por irregularidade menstrual (ciclos menstruais longos, superiores a 35 dias e falta de ovulação), sinais de hiperandrogenismo, além dos ovários policísticos diagnosticados pelo ultrassom. A presença de pelo menos dois desses três critérios confirma o diagnóstico de SOP.

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Na ultrassonografia (transvaginal) identifica-se, em 75% a 90% das vezes, ovários com volume aumentado, com vários pequenos folículos localizados em toda a sua extensão. Os ovários policísticos são caracterizados pela presença de 20 ou mais folículos de 2 a 9 milímetros em cada um deles, e/ou volume aumentado em pelo menos um dos ovários.

Uma vez feito o diagnóstico da SOP, a avaliação e o manejo devem incluir aspectos reprodutivos, metabólicos e psicológicos. O tratamento da síndrome consiste em regularizar o ciclo menstrual, reduzir o hirsutismo (aumento de pelos) e o hiperandrogenismo, induzir a ovulação naquelas mulheres que desejam gestar, além de reduzir peso e fatores de risco para diabetes e doença cardiovascular.

A prevenção e manejo do excesso de peso devem ser prioridades. O melhor tratamento preventivo pode ser iniciado já na adolescência, através de uma dieta alimentar equilibrada, balanceada e um estilo de vida saudável.

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Estudos mostram que a perda de 5% até 10% do peso corporal, nas pacientes obesas ou com sobrepeso, pode restaurar a ovulação e a fertilidade, além de melhorar o colesterol, pressão arterial e diminuir as queixas de excesso de pelos e acne.

A dieta deve ser balanceada, personalizada, saudável, hipocalórica, com alimentos ricos em carboidratos e todos os tipos de açúcar. Estimular o consumo de quantidades adequadas de proteínas, vegetais à vontade, leite e derivados desnatados/light, além de estimular a ingestão de alimentos ricos em fibras. Lembrar também de estimular a prática de exercícios físicos regularmente.

Alguns medicamentos podem ser utilizados para melhorar os níveis de insulina, restabelecer ciclos menstruais regulares e a ovulação, assim como melhorar o hiperandrogenismo. Aquelas mulheres com irregularidade menstrual que não desejam gestar podem ser beneficiadas com o uso de anticoncepcionais orais, preferencialmente aqueles com baixa dosagem hormonal. A metformina é recomendada para o manejo de alterações metabólicas.

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No tratamento da infertilidade, além de estimular a perda de peso, podemos induzir a ovulação com inibidores da aromatase (primeira linha para indução na SOP), o citrato de clomifeno ou as gonadotrofinas injetáveis. Nesses casos, são encontradas taxas de ovulação em cerca de 70% dos casos, com gravidez cumulativa após seis meses em torno de 50% a 60%. Ovários resistentes à indução podem se beneficiar do tratamento cirúrgico laparoscópico, chamado de drilling ovariano. A fertilização in vitro é indicada como terceira linha de tratamento da infertilidade quando outras terapias de indução da ovulação falharem, apresentando taxas de sucesso semelhantes àquelas sem a síndrome.

A síndrome dos ovários policísticos não pode ser prevenida. Porém, quanto mais cedo for o seu diagnóstico, menor a chance de complicações futuras. Considerando que não se sabe a etiologia da SOP, não há tratamento curativo.

Foto: Divulgação
Ovários policísticos (SOP)

 

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