Voltar a Tübingen, onde estudei, é como voltar a um lugar familiar e, ao mesmo tempo, é sempre um mergulho no passado. A cidade fica bem no centro do Estado de Baden-Württemberg e é banhada pelo Rio Neckar, afluente do Reno. Cidade idílica, do porte de Santa Cruz. Muito de sua história milenar continua presente em seu centro histórico que preserva muitos prédios da idade Média, sua igreja, a Stiftskirche, originariamente uma basílica do século 11; seu castelo construído na parte alta data de 1037; o antigo jardim botânico de 1809 é hoje parque da cidade e o Stadtfriedhof – cemitério histórico –, onde descansam, entre outras personalidades, os famosos poetas do Romantismo: Ludwig Uhland e Hölderlin. A propósito, no centro histórico não circulam automóveis, para não estorvar o idílio medieval.
A universidade Eberhard-Karls – fundada em 1477 – se espraia por toda a cidade, tanto que se diz por aqui: “Tübingen não tem uma universidade, Tübingen é uma universidade”. Ela é estadual e ostenta o título de excelência. Atualmente, é frequentada por mais de 28 mil estudantes. Mantém estreita relação com universidades brasileiras, através do seu Centro-Brasil do Estado de Baden-Württemberg. A instituição se dedica à promoção de intercâmbios científicos. E Santa Cruz cultiva uma preciosa ponte com a universidade de Tübingen, por meio desse Centro e da Unisc. Essa ponte já possibilitou intercâmbio para muitos estudantes e pesquisadores da região de Santa Cruz. Para ilustrar cito alguns: Carlos Dullius, Guga Eidt, Priscila Willms, Adilson Hirsch, Fabiana Geller, Marcia Goettert.
Tübingen é uma cidade muito verde. Eu a encontrei vestida de flores, de verde exuberante das árvores, dos arbustos, das gramíneas. As castanheiras em flor espalham seu aroma por toda parte. Reina primavera na cidade universitária.
Para sentir esse mavioso clima primaveril, nada melhor do que um poema de Ludwig Uhland, renomado poeta que viveu aqui de 1787 a 1862.
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Die linden Lüfte sind erwacht,
Sie säuseln und weben Tag und Nacht,
Sie schaffen an allen Enden.
O frischer Duft, o neuer Klang!
Nun, armes Herze, sei nicht bang!
Nun muß sich alles, alles wenden.
Die Welt wird schöner mit jedem Tag,
Man weiß nicht, was noch werden mag,
Das Blühen will nicht enden.
Es blüht das fernste, tiefste Tal:
Nun, armes Herz, vergiß der Qual!
Nun muß sich alles, alles wenden.
Despertam docemente as brisas.
Sopram, serenas, noite e dia,
por toda a parte a sussurrar.
Aroma tenro, nova melodia.
Agora, pobre coração, reanima-te:
Agora tudo, tudo mudará.
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Faz-se o mundo mais belo cada dia.
Se o momento presente é tão feliz
o amanhã que surpresas não trará!
Floresce ao longe o vale mais sombrio.
Agora, pobre coração, esquece a mágoa.
Agora tudo, tudo mudará.
(Tradução: Henriqueta Lisboa)
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