Nas décadas de 40 e 50, e em parte dos anos 60, as emissoras de rádio apostavam forte nos programas de auditório, que faziam o maior sucesso. Para manter a atração, eram convidados artistas e conjuntos que realizavam apresentações ao vivo. Em Santa Cruz do Sul, os palcos principais foram o Cine Apolo e a Sociedade Aliança.

Dentro deste clima nasceu o Trio Camponês, formado por Leo Beckenkamp (flauta), Walter Reincke (gaita) e Antoninho Saraiva (violão). O fundador foi Leo, músico da banda do Exército e que, além de flautista, tocava trombone e saxofone. Eles animavam os programas de auditório e também festas, quermesses e pequenos bailes.

O grupo tornou-se muito popular na cidade e no interior e logo veio o convite para um programa ao vivo na Rádio Santa Cruz (ZYE-8), que ficava nos altos da Rua Marechal Deodoro. Ele ocorria todas as terças-feiras, às 19 horas. Além das valsas, polkas, rancheiras, tangos, serestas e até alguns sambas, ainda havia espaço para piadas ou causos contados por Antoninho Saraiva.

Ainda gurizote, o aposentado Elstor Beckenkamp acompanhava o pai Leo nas audições. Lembra que o apresentador oficial era o radialista Ilgo Winck, que abria o programa com o bordão “Para os ares e lares de Santa Cruz, vem aí o Trio Camponês!”. A emissora possuía um pequeno auditório, que lotava durante as apresentações.

Também conta que sempre havia fãs que levavam presentes para os músicos, como cervejas de fabricação caseira, vinhos, cucas e produtos coloniais. Os moradores do interior relatavam que, nas terças-feiras, as atividades como tratar os animais, cortar pasto, ordenhar as vacas, etc, eram feitas mais cedo, pois à tardinha a família sentava em volta do rádio para ouvir boa música.

O Trio Camponês ensaiava na casa de Leo, que ficava no sobrado na esquina da Rua Senador Pinheiro Machado com Assis Brasil. O edifício, que depois abrigou o Supermercado Mina de Ouro, ainda existe.

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