Embora o mau tempo seja sempre apontado como causa da demora na obra do viaduto junto ao antigo trevo Fritz e Frida, outros fatores podem estar por trás do atraso que chega a um ano e meio. Desde que os trabalhos começaram, em dezembro de 2014, o contrato com o consórcio Ebrax-Iccila já foi modificado seis vezes. Além de acrescentar serviços que não estavam previstos no projeto original, os aditivos também tornaram a obra mais cara: de R$ 22 milhões, que era o orçamento inicial, o custo agora chega a R$ 27,5 milhões.
Os dados foram fornecidos pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) à Gazeta do Sul por meio da Lei de Acesso à Informação. A necessidade das revisões contratuais é justificada, nos aditivos, por elevações nos preços de materiais e por ajustes no projeto de engenharia, com a inclusão de uma série de pequenas intervenções, como remoções de terra, correções na estrutura do viaduto e adequações devido às condições do solo, entre outras.
Os acréscimos no valor do projeto chegam na casa de 25%, que é o teto previsto na Lei de Licitações para aditivos em contratos de obras públicas. Embora o prazo de entrega, que era dezembro de 2015, já tenha sido prorrogado duas vezes, o diretor-presidente da EGR, Nelson Lídio Nunes, nega que o atraso seja a causa do aumento do custo – o qual considera “dentro da normalidade”. “É muito diferente fazer um projeto em uma prancha e depois executar uma obra. Às vezes prevemos determinadas condições e isso não se confirma, daí são necessárias soluções técnicas”, alegou. Nunes também alegou que o prazo original do contrato – assinado ainda durante o governo de Tarso Genro (PT) – era impossível de ser cumprido. “O governo foi muito irresponsável. Não se faria a obra dentro desse prazo”, disse.
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Mesmo afirmando que apenas a evolução dos trabalhos pode apontar se haverá necessidade de novos ajustes no projeto, Nunes descartou uma nova alteração na data-limite da entrega, que é no fim do ano. “Não trabalhamos com essa hipótese, de jeito nenhum”, garantiu.
Demora angustia moradores
Além do viaduto, o contrato com o consórcio Ebrax-Iccila prevê a duplicação de 4,1 quilômetros da RSC-287 (entre a nova rótula da Melvin Jones e a primeira curva de Pinheiral) e a ampliação da praça de pedágio de Venâncio Aires. De acordo com a EGR, a obra está 70% pronta.
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A demora, porém, angustia quem cruza o local regularmente, em especial quem vive ou trabalha em Linha Santa Cruz. Segundo o presidente da Associação de Moradores, Claudiomiro Flores, a comunidade segue convivendo com congestionamentos diários, principalmente entre o fim da tarde e o início da noite. Algumas vezes, de acordo com ele, motoristas chegam a levar quase uma hora para ir do Centro ao bairro. “A comunidade se queixa muito porque vê que a obra não está andando no ritmo que deveria. Faz duas semanas que não vemos ninguém trabalhando ali”, disse.
O engenheiro responsável, Fábio Medeiros, alega que, nas últimas semanas, a prioridade vem sendo a terraplanagem e pavimentação do trecho que será duplicado. Nos próximos dias, deve ser retomada a construção do encosto do viaduto – que, na prática, é o que falta para a conclusão da obra.
Os pagamentos ao Ebrax-Iccila têm sido feitos a partir de medições mensais da execução da obra, que são feitas por um fiscal da EGR e submetidas a uma auditoria. Desde o início dos trabalhos, já foram repassados ao consórcio em torno de R$ 17 milhões, conforme a estatal.
Embora concorde que vem faltando eficiência à condução da obra, Luciano Naue, que até o início deste ano esteve à frente do Conselho Comunitário das Regiões das Rodovias Pedagiadas (Corepe – Trecho 8), entende que o saldo ainda é positivo, dada a importância do investimento para a região. “É uma obra que está saindo do papel e, se nós considerarmos a realidade das obras públicas, ainda vai ser em menos tempo do que a média”, opinou.
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NÚMEROS
R$ 22 milhões era o valor inicialmente previsto no contrato assinado em dezembro de 2014
R$ 17 milhões é quanto a EGR já repassou ao consórcio Ebrax-Iccila, aproximadamente
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R$ 27,5 milhões é o valor atual previsto no contrato, após seis termos aditivos
70% da obra já foi executada até agora, segundo estimativa da EGR
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