Quando saiu para almoçar nessa segunda-feira, 5, a funcionária de uma loja do Centro de Santa Cruz percebeu que havia sido vítima de ladrões. A motocicleta usada para ir ao trabalho, estacionada na Rua Tenente Coronel Brito por volta das 9h30, não estava mais lá. O drama da atendente, que prefere não ter a identidade revelada, foi o mesmo enfrentado por pelo menos outros 58 moradores do município desde o início do ano até o dia 4 deste mês, o que representa uma média de três veículos furtados a cada dois dias em Santa Cruz. “É um pavor. Ao mesmo tempo em que você percebe o furto, quer que não seja verdade”, conta. Em 19 casos, o alvo foram motocicletas. Do total, 32 veículos já foram recuperados pela Polícia Civil, Brigada Militar ou pelo próprio dono.
Os veículos visados pelos criminosos têm algumas características em comum. De acordo com a Polícia Civil, os ladrões costumam optar por carros populares, geralmente modelos mais antigos, datados da década de 1990. “Eles preferem esse tipo por serem mais fáceis de ligar com chave falsa”, explica o delegado Marcelo Chiara Teixeira, titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Cruz.
Na lista dos “preferidos dos bandidos” estão o Kadett e os modelos antigos do Uno, Gol e Corsa. No entanto, também há casos nos quais carros maiores e um pouco mais caros são levados – como aconteceu no dia 2 de janeiro, quando uma Blazerdesapareceu na Rua Marechal Floriano. Porém, furtos desse tipo de automóvel representam a exceção. No que diz respeito às motos, os criminosos costumam furtar veículos com cilindradas mais baixas, como os modelos 125, 200 e 250.
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Diferente do que muitos imaginam, a maioria dos casos acontece em plena luz do dia. É durante o horário comercial que os ladrões de veículos costumam agir. Em sua maioria, os alvos estão estacionados no Centro, onde há grande fluxo, durante a manhã e a tarde. Geralmente os crimes são cometidos em ruas como a Marechal Floriano, Marechal Deodoro, Ramiro Barcelos, 28 de Setembro, Tenente Coronel Brito e ainda a Thomaz Flores. “Houve também uma série de casos nas proximidades do Parque da Gruta e ainda outros dois no Distrito Industrial, mas isso não é o mais comum”, salienta Marcelo Teixeira.
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De acordo com o delegado, os furtos de veículos são investigados pela Defrec. “Muitos são cometidos por bandidos já conhecidos pela polícia, com passagens por esse mesmo tipo de crime”, explica. Ele afirma que a Polícia Civil está apurando os casos e já há suspeitos de alguns dos delitos.
Denuncie
Se você perceber que um carro está abandonado, a orientação é avisar a Brigada Militar pelo 190 ou a Polícia Civil pelo 197.
Sequestro E RESGATE
Em muitos casos, os ladrões furtam os veículos e entram em contato para exigir que o proprietário pague para reaver o carro ou a moto. Caso o dono aceite fazer o pagamento, combina-se a devolução. Foi o que aconteceu com a vítima ouvida pela Gazeta do Sul. Segundo ela, por volta das 15 horas de segunda, os ladrões fizeram o primeiro contato. Usando um número restrito, telefonaram e exigiram R$ 1 mil para entregar a Honda Biz. Ela negociou e conseguiu baixar para R$ 500,00 o valor do resgate, que foi pago. “Eles voltaram a me ligar e pediram mais R$ 500, mas eu não tinha. Então falaram que iam sumir com a moto. Quando isso acontece, passa um turbilhão na tua cabeça”, explica.
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No começo da tarde de ontem, a mulher recebeu outra ligação. Desta vez da Brigada Militar, afirmando que a Honda Biz havia sido encontrada. A moto estava na Travessa Vinicius de Moraes, no Bairro Goiás, quando foi localizada pela BM por volta das 13 horas. ”Foi um alívio”, conta. O veículo não apresentava danos.
Conforme o delegado, quando é pago o resgate, os ladrões costumam utilizar crianças e adolescentes para receber a quantia das vítimas. No entanto, a orientação da polícia é que as pessoas não entrem no jogo perigoso dos criminosos. “Não pague para não fomentar esse tipo de crime. Procure a polícia e faça o registro de ocorrência, que as providências vão ser tomadas.” Além do furto, esse tipo de caso configura ainda extorsão e, conforme o artigo 158 do Código Penal, prevê pena de quatro a dez anos de prisão.
Números
- Do começo do ano até o dia 4 de fevereiro, foram 58 veículos furtados, dois quais 32 foram recuperados.
- Em 2017, houve 459 casos desse tipo.
- Em janeiro de 2017, 48 veículos foram levados.
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