Há cerca de 45 dias, moradores de Linha Santa Cruz e Boa Vista, no interior de Santa Cruz do Sul, encontram tatus mortos nas propriedades rurais. Segundo relato, apenas em uma localidade um produtor teria encontrado sete animais mortos na lavoura. Para biólogo da Unisc, em função da estiagem, os tatus podem ter se intoxicado comendo alguma raiz ou semente que não é convencional à dieta deles.
Linder Jair Saath é produtor em Linha Santa Cruz. Diz que os animais começaram a aparecer mortos nas bordas dos campos e junto às cercas das propriedades, em locais em que costumeiramente saem para se alimentar à noite. “Ele é um animal nativo daqui da nossa região, a gente conhece e convive com eles. Chamou a atenção o fato dos tatus aparecerem mortos”, conta Saath.
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Em Linha Santa Cruz, Saath informa que os animais aparecerem mortos em duas propriedades. Uma contabilizou dois tatus mortos; a outra, três. “Em Boa Vista, em uma propriedade, morreram sete tatus. Os casos ocorreram na mesma época”, compara o produtor.
O subprefeito de Boa Vista, Gilberto Miller, destaca que não houve aplicação de pesticidas e venenos na região nos últimos tempos. Segundo ele, uma das explicações para os casos – também registrados em propriedades de Linha Áustria – pode estar relacionada com a estiagem. “Tatus se alimentam também de minhocas e outros vermes que estão na natureza. Com a estiagem, este tipo de alimento fica mais escasso”, justifica.
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SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO
O técnico agropecuário da Emater-RS/Ascar de Santa Cruz do Sul, Vilson Pitton, conta que a estiagem colabora para a redução no volume de alimentos de todos os seres vivos. “Durante o dia ele fica escondido, sai à noite para se alimentar. São várias espécies de tatu na região e não temos registro de problemas relacionados com a morte destes animais”, disse.
O técnico da Emater acredita que uma possível intoxicação, pelo consumo de alimento impróprio, pode ser uma das explicações para a morte de tatus no interior.
O biólogo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Andreas Koehler, analisa que a falta simples de água por conta da estiagem não pode ser, por si só, a causa da morte dos tatus. “Pode ocorrer uma intoxicação. Os animais que morreram podem ter tido dificuldade em encontrar seus alimentos tradicionais e ter consumido alguma raiz ou semente tóxica e, por isso, morrido”, sugere o pesquisador.
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Segundo Koehler, na região existem sete espécies de tatu, situação que leva a crer que o animal é adaptado ao clima local. “Assim, os efeitos de uma estiagem são secundários. Eles podem ter morrido por intoxicação e não por sede.”
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