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Traudi Meurer: a arte é o desafio de criar o novo

Quando vislumbrava possibilidades de carreira na adolescência, a santa-cruzense Traudi Meurer pensou em estudar Belas Artes. A falta de condições e as dificuldades da época a levaram a optar por Ciências Contábeis na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Formada, atuou como bancária na Caixa Econômica Federal do município durante 24 anos. Foi só após a aposentadoria, em 1996, que ela retomou o contato com as artes plásticas, tornando-se uma pintora conceituada com mais de 200 telas criadas, além de esculturas. Nos últimos dois meses, a artista integrou importantes exposições em Santa Cruz: a 1ª Mostra da Setorial de Artes Visuais de Santa Cruz do Sul (SAV), no Centro de Cultura Jornalista Francisco José Frantz, e a exposição Encontros, ao lado de Cynthia Scanavino e Elusa Borowski, na Casa das Artes Regina Simonis.

A jornada no mundo das artes começou em 1997, no Programa Uniarte, sob orientação da professora e artista plástica Márcia Marostega. Desde então, Traudi participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, somando também diversos prêmios. “Nem sei como surgiu, só sei que depois me apaixonei e me faz muito bem. Adoro pintar, parece que isso me acalma. Foi uma coisa muito boa na aposentadoria ter esse objetivo”. A partir de 2011, Márcia criou um ateliê e Traudi passou a frequentar o local, onde realizou estudos de outros artistas, aprofundando-se na história da arte e em técnicas diversas, além de realizar viagens de estudo e para visitar exposições. Apesar de ter iniciado exclusivamente no óleo sobre tela, mais tarde se rendeu também à tinta acrílica pela praticidade, por ser um meio de secagem mais rápida.

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Entre seus artistas favoritos, ela cita os expressionistas e pós-impressionistas Pablo Picasso, Henri Matisse e Vincent Van Gogh e destaca a gratidão pelo apoio que recebeu da mestra. “Sou muito grata pelo contato e a caminhada no mundo das artes e, principalmente, pela orientação e todo carinho de nossa professora Márcia Marostega”, declarou, e agradeceu também ao artista Rogério Agrícola, responsável pela execução de seus projetos de esculturas. Entre as principais dificuldades da carreira artística, Traudi cita o desejo de pintar telas abstratas, que ainda não conseguiu realizar, e também o perfeccionismo. Mesmo nas telas já finalizadas, ela sempre vê algo a modificar e melhorar. O tempo de confecção de cada trabalho, da concepção à finalização, varia de três semanas a três meses, dependendo do tema.

Com 69 anos, Traudi Meurer é casada, tem um casal de filhos e três netos que residem em Florianópolis, onde ela os visita com frequência. Além da família e da pintura, ela aprecia trabalhos manuais e divide seu tempo há 24 anos com a atividade voluntária junto aos projetos sociais da Oase Centro, da Comunidade Evangélica. Outra paixão é o tênis, esporte que pratica e gosta de acompanhar mesmo quando está entre telas e pincéis. “Se estou em casa pintando, o que mais gosto é de colocar música. Às vezes, se tem jogo de tênis, estou assistindo. Eu adoro quando tem torneio, fico só prestando atenção no resultado e vou pintando”, confessa. Durante a pandemia, apesar de sentir falta das colegas de ateliê e das viagens, passou a trabalhar em projetos mais pessoais. No ano anterior, a artista se recuperou de uma fratura na mão direita e um rompimento de tendão, que a impediram de pintar e jogar tênis durante todo o ano de 2018.

O maior objetivo da santa-cruzense com sua obra é buscar inovação. “Eu sempre tenho a preocupação de fazer uma coisa inédita, não quero fazer cópia de nada.” Assim ela procura criar novas composições que fiquem em harmonia, e abordagens que ainda não tenham sido pintadas, desafiando-se a sempre criar o novo. A quem aspira se embrenhar pelo mundo das artes, a pintora encoraja. “A pessoa tem que fazer o que gosta, mesmo que não seja pintura. É preciso ter objetivos para dar um sentido à vida. Toda pessoa tem que procurar algo de que goste, um esporte, cuidar dos netos, fazer comida – que, aliás, não é o meu forte -, eu acho que isso só acrescenta. É preciso acreditar e partir.”

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Temáticas
Traudi tem duas séries principais de trabalho e sempre costuma fazer um pré-projeto, com um estudo de observação antes de preparar a obra em si. A primeira série, iniciada em 1999, chama-se Do Fundo do Mar e tem temática marinha, predominando o uso de conchas. “Quando meu filho era pequeno, a gente ia à praia e ficava catando conchinhas. Essas conchas, cada qual tem uma cor diferente, uma forma diferente, então me apaixonei e comecei a pintar essa temática”, relembra.

A série mais recente é inspirada no Neoconcretismo e iniciou a partir de 2010. Chamada Movimentos, possui obras geométricas que apresentam um efeito de tridimensionalidade nas formas entrelaçadas. “Eu adoro fazer tudo, faço maquetes, elas ficam se movimentando e vou fotografando para ver as sombras. Depois amplio para a tela maior através de regra de três em matemática”, explica. Eventualmente, pinta também outras temáticas, como temas figurativos, e chegou a fazer um autorretrato. Seu próximo projeto é uma pintura dos netos, que pretende iniciar no ano que vem. Acompanhe o trabalho da artista pelo Instagram @traudimeurer.

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