Diferentes elementos e artefatos culturais fazem parte da identidade de uma comunidade. Entre eles estão os trajes e suas cores. Dependendo da cultura, das tradições, diferentes são os significados e as representações que concentram e transportam.
Nas cores da vestimenta e mesmo no seu corte estão imbricadas as marcas culturais de uma etnia. Isso podemos observar, por exemplo, nos trajes das prendas do Enart, em representantes da cultura italiana, entre outras. Assim, também o legado cultural de origem germânica deve estar presente nos trajes das soberanas da Oktoberfest. Já dizia um dos grandes representantes da literatura alemã e universal, Johann Wolfgang von Goethe: “Denn der Farbe [der Kleidung] läßt sich die Sinnesweise, an dem Schnitt die Lebensweise des Menschen erkennen.”, ou seja: “Pela cor da vestimenta pode-se identificar a mentalidade da pessoa e no corte os seus costumes, seu modo de viver.” Em outras palavras, espírito e costumes se encontram representados nas indumentárias representativas.
Leio que, em nossa Oktoberfest, os trajes das soberanas estariam inspirados em “diferentes regiões antigas de cultura germânica, como Hamburgo, Braunschweig, Hessen, Baviera e Prússia, bem como na Alemanha moderna, integrada pelos mais diferentes povos e culturas”. Os modelos reforçariam “as tradições, mas também a alegria da nossa festa e da nossa cidade. Representam mais do que valorização da nossa herança cultural, mas o nosso olhar para uma festa contemporânea e multicultural”, destaca a presidente da Festa da Alegria, Roberta Corrêa Pereira.
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Os vestidos – assinados pela estilista Joana Tornquist – representariam a “valorização da alegria e da esperança do reencontro festivo e otimista após um período pandêmico”. Nos bordados, as cores lembrariam as cores locais. Neles, os brotos e as flores remeteriam a “um recomeço das festas e dos reencontros, além de lembrar a Primavera, estação em que acontece a Oktoberfest”. E por falar em cores locais, isto nos lembra que o verde e as flores são também símbolos da identidade de Santa Cruz do Sul.
Sem dúvida, elementos identitários de um lugar, vestimentas, cores etc. podem diferir conforme cultura e tradição. O significado das cores pode variar de acordo com vivências pessoais. Mas a cultura em que crescemos, isto é, a cultura de nossos antepassados, exerce considerável influência na percepção e no significado das cores e dos elementos presentes no lugar onde vivemos.
Na cultura alemã, por exemplo, verde é sinônimo de natureza, de primavera; e é também a cor da esperança. As árvores, os bosques e as florestas eram espaços sagrados para o antigo povo germânico e continuam enaltecidos. Interessante perceber como cores deixam rastros na cultura também por meio da língua, seja na literatura, em cantos, ou em expressões idiomáticas. O verde das florestas e seus significados estão presente na maioria dos inúmeros contos dos irmãos Grimm; são enaltecidos em poemas, como o do conhecido poeta Eichendorf. Em seu poema Abschied, “… o schöner grüner Wald/ oh linda verde floresta”; o poeta compara o verde da floresta com uma tenda verde protetora – “grünes Zelt”.
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Assim, para a maior festa germânica do Estado, é legítimo que as cores e os trajes de suas soberanas estabeleçam uma estreita relação com a cultura de origem germânica, bem como os eventos organizados e promovidos por ela.
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