Imagine o Ginásio Poliesportivo de Santa Cruz lotado com 5.575 pessoas (dados da Prefeitura de setembro de 2023). Agora distribua elas entre os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) que têm galpão próprio para promover eventos. O resultado é certo: restarão centenas dentro do “Arnão”. Se substituirmos a referência para os votos de um vereador, o candidato ainda ficará com saldo. Se ampliarmos para o número de habitantes, talvez precise de 3% a 4% para lotar todos – e ainda sobrará.
Meu cálculo leva em conta seis entidades que, se minha memória não falha, lembro possuir galpão. Provavelmente haja mais. O que não muda muito a conta inicial. De qualquer forma, mesmo que esvaziemos o Poliesportivo, ainda é um número pequeno para um município do porte de Santa Cruz do Sul, que recebe os maiores eventos tradicionalistas do Rio Grande do Sul.
LEIA TAMBÉM: Um voo para abrir o festival
Publicidade
A sociedade precisa refletir. Muitas famílias que estampam seu orgulho de ser gaúcho, defendem as tradições e até acreditam que a cultura deveria ser ensinada na escola, ainda não experimentaram levar seus filhos a um CTG e frequentar fandangos ou rodeio campeiro e artístico. E está tudo bem! Talvez não haja recurso financeiro, logístico ou tempo. Ou por pensar que para “fazer CTG” é obrigatório ter pilcha – o que não é, propriamente, uma verdade.
A sociedade precisa entender. Um CTG é igual a uma associação comunitária de interior, com outro nome. Ambos têm suas regras, composições, políticas, mensalidades, benefícios, estrutura e calendário. Uma entidade tradicionalista ainda oferece possibilidades de atividades como dança, música e poesia. E o mais importante de tudo: convivência social.
LEIA TAMBÉM: Além do chocolate
Publicidade
Rogo pelo bom senso. Que possa haver equilíbrio para que a cultura gaúcha e os CTGs se fortifiquem em Santa Cruz. A melhor forma, no meu modesto entendimento, é participar de eventos. É comprar o ingresso, consumir o jantar e a bebida; socializar com os demais. Construir novas relações. E mais: engana-se quem pensa que a pilcha é obrigatória. Vá com o que tiver – respeitando regras básicas que a casa exige, como qualquer outro lugar – e depois construa seu guarda-roupa conforme sua capacidade financeira. Mas não deixe de fomentar a entidade por causa disso.
Estou no tradicionalismo há 31 anos. Sou sócio-fundador do Centro de Pesquisas Folclóricas Terra de um Povo, de Venâncio Aires; cheguei em Santa Cruz em 2002, no Terra de Bravos CTG, como dançarino – participei de uma turnê na Espanha com a entidade. Depois concorri no Encontro de Artes e Tradição (Enart) com o CTG Rincão da Alegria, onde mantenho meu vínculo até os dias atuais. Fui músico do CTG Lanceiros de Santa Cruz em algumas oportunidades. Atuei como instrutor no Vale do Taquari. Mas a minha maior convivência nas entidades santa-cruzenses foi entre 2004 e 2012, quando fui cantor e acordeonista do Grupo Sinuelo, onde tive a oportunidade de tocar muitos bailes e conhecer muita gente.
Não sou o dono da razão. Nem tenho essa pretensão. Mas se for suficiente para refletirmos, então estarei satisfeito.
Publicidade
LEIA MAIS TEXTOS DA COLUNA FORA DE PAUTA
quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no NOSSO NOVO CANAL DO WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!
Publicidade