Uma barbearia que guarda marcas desde o primeiro corte de cabelo, realizado em 3 de junho de 1963. Esse é o estabelecimento do barbeiro Armindo Haas, que, há 60 anos, trabalha no mesmo local com a mesma atividade, em um dos principais pontos da Rua Marechal Floriano, no centro de Santa Cruz do Sul. No espaço de poucos metros quadrados, muitas histórias já foram contadas e amizades se formaram. Diferente de algumas barbearias, que oferecem cerveja ou jogos de sinuca, na de Armindo Haas é a simpatia, a alegria e a confiança que fazem os clientes retornarem.
Natural de Linha Santa Cruz, Haas cortava cabelo apenas aos sábados na localidade. Mas foi na cidade, com um jaleco branco, que os dons com a tesoura, a navalha e a máquina de corte ganharam espaço. “Na época, eu estava procurando um lugar para alugar. Passando aqui na frente conversei com algumas pessoas, que indicaram este espaço. Acabei gostando e sigo nele até hoje”, relembra.
LEIA TAMBÉM: Barbeiro há 54 anos, seu Olívio inspira gerações em Pantano Grande
Publicidade
Para se profissionalizar no ramo, Haas realizou dois cursos. “Eu aprendi primeiro com um amigo, que tinha barbearia no Centro, o Hélio Lusardo. Fiquei quatro meses com ele, aprendendo. Depois disso, abri a própria barbearia. Também fiz um curso com a Helena Bragança e outro no antigo Clube Aliança, da Wella, na época”, conta.
As primeiras semanas de trabalho, em 1963, não foram fáceis. Conforme Haas, foi a instalação da corporação do Corpo de Bombeiros, na Rua 7 de Setembro, que impulsionou a atividade naquele tempo. “Eles foram meus primeiros clientes e estavam sempre cortando o cabelo aqui.” Haas sublinha que, naquele período, atendeu muitos jovens, mas atualmente a clientela é de pessoas mais velhas. “Muitos clientes seguem comigo até hoje, e sempre trabalhei sozinho.”
LEIA TAMBÉM: Barbeiro Jorge Niches de Oliveira se aposenta após 64 anos de trabalho
Publicidade
O estabelecimento de Armindo Haas fica na frente do clube União Corinthians e muitos de seus clientes foram jogadores de basquete. Um momento que marcou Haas foi quando o então Pitt/Corinthians conquistou o Campeonato Brasileiro de 1994. “Muitos jogadores vieram cortar o cabelo aqui, até americanos. Eu lembro do técnico Ary Vidal vir aqui e também o Oscar Schmidt”, relembra.
Uma transformação presenciada por Haas foi a da Rua Marechal Floriano. “Lembro dos postes de energia elétrica no meio da rua. A calçada chegava apenas até a esquina na Rua Tiradentes. Depois muitas mudanças aconteceram, até a modernização do Calçadão.”
LEIA TAMBÉM: Após 62 anos, Bekinha vai pendurar as tesouras
Publicidade
Dentre tantas histórias nestes 60 anos, o estabelecimento do profissional também foi marcado pela insegurança. “Há muitos anos, assaltaram a barbearia duas vezes. Por sorte e com a ajuda da polícia, recuperamos o material furtado.”
E um objeto essencial da barbearia, a cadeira onde o cliente senta para cortar o cabelo, também tem história. Haas conta que ela tem mais de 100 anos e a comprou em uma loja da cidade, com a ajuda da família e amigos. “A cadeira custou 35 mil cruzeiros naquele tempo. Tive que pegar dinheiro emprestado do meu pai e amigos, e um pouco eu tinha.” Outros objetos que marcaram foram os aparelhos de corte de cabelo. Alguns, presentes de clientes estrangeiros. “Uma máquina ganhei de um americano e outra de um alemão. Guardo elas comigo até hoje”, completa.
LEIA TAMBÉM: Morre o barbeiro santa-cruzense Nestélio Kist
Publicidade
A barbearia de Haas chegava a atender até 20 clientes por dia; hoje, a media é dez. “Parece que foi ontem que comecei. Muitas pessoas passaram por aqui. Acredito que o número de clientes baixou, pois existem muitas barbearias atualmente.” O estabelecimento sempre atendeu clientes do sexo masculino. “Lembro que duas mulheres cortaram o cabelo comigo”, diz.
Sobre chegar aos 60 anos na atividade, com saúde e disposição, Haas destaca que são os clientes e amigos os responsáveis por esse feito. “Me sinto muito feliz, pretendo continuar até quando eu puder, sempre recebendo bem meus clientes.”
LEIA TAMBÉM: Com 100% de aprovação, direção do Sindicabes fica por mais quatro anos
Publicidade
Ir ao mesmo barbeiro por 50 anos é algo raro nos dias atuais, mas é o que Vilson Maicá, de 74 anos, faz há 52 anos, quando se mudou de Santa Rosa para morar no Bairro Schulz. “Quando vim morar em Santa Cruz, passei aqui na frente e comecei a cortar meu cabelo com o Armindo. Essa relação já dura por todo esse tempo e se tornou uma amizade”, diz.
Maicá, que é policial rodoviário estadual aposentado, frequenta o lugar a cada 45 dias, e conta que sempre será um encontro entre amigos. “O que me fez vir por todos esses anos aqui é a amizade, o respeito e o jeito com que o Armindo cativa a gente. Isso é muito especial.”
LEIA TAMBÉM: Iniciativa para fortalecer autoestima feminina têm atividades previstas para o ano todo
Já para um dos filhos, Osmar Haas, de 54 anos, esta é uma maneira de o pai se manter na ativa e ocupado. “Eu sou bancário e não vou seguir a profissão dele, pois não é meu chão. No entanto, sempre apoiei ele, desde criança, quando cortava meu cabelo, o que ele faz até hoje,” conta.
LEIA MAIS NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
This website uses cookies.