Todos os dias acordo pontualmente às 6 horas, um hábito abandonado apenas nos finais de semana e feriados. Para fins de previdência social estou aposentado há três anos, mas continuo na ativa por vários motivos. Um deles é financeiro. Afinal, é preciso pagar os boletos. Mas não tenho do que reclamar. Pelo contrário, agradeço a Deus todas as noites por ter emprego, saúde e família.
Além das contas que chegam sem falta, sou um apaixonado pelo que faço há mais de 40 anos. A vida de jornalista permitiu conhecer lugares e pessoas que não entrariam na minha vida se tivesse outra profissão. O contato com gente muito diferente de mim é um dos maiores atrativos dessa função. Passar oito ou dez horas fazendo o que gosto me enche de satisfação. Ao final do dia, o cansaço físico é detalhe diante da satisfação do balanço de travar contato com gente que soma, inspira e nos incentiva.
Um exercício de imaginação que todos fazemos diz respeito à possibilidade de, em algum dia, ganhar um grande prêmio de uma loteria qualquer ou uma herança inesperada, daquelas de filme, de um parente distante. A primeira coisa na qual pensamos é deixar de trabalhar para usufruir dos prazeres da vida.
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Conforto material, viagens e ajuda a pessoas próximas são sonhos comuns quando o assunto é “sorte grande”, como meus avós chamam a possibilidade de ganhar uma bolada ao comprar “um bilhete da (loteria) federal”. São devaneios que ganham força quando há prêmios acumulados da megassena ou aqueles “prêmios da virada” no final do ano.
Por óbvio eu não manteria a carga horária atual, mas hesitaria, de verdade, em parar totalmente para gastar o tempo na realização dos sonhos materiais. Fazer o que se gosta é um privilégio. Reforço essa certeza sempre que encontro amigos que enfrentam longas jornadas com tarefas das quais não gostam, gerando desânimo e até depressão. Deve ser uma tortura olhar com frequência para o relógio esperando a hora de terminar o suplício do cotidiano para, então, ir para casa.
Pior, ainda, deve ser acordar a cada manhã para reiniciar a dura labuta em busca de um emprego. A desaceleração da economia, turbinada por dois anos de pandemia pautada pelo “fecha tudo, fica em casa que a economia a gente vê depois”, ceifou milhões de empregos, quebrou empresas de todos os tamanhos. Aos poucos as atividades produtivas são retomadas, mas a lentidão do reinício aumenta a miséria.
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Ter um emprego e ainda fazer o que se gosta é uma bênção. Um estímulo para acordar a cada manhã com otimismo, vitalidade e energia redobrada. Conviver com pessoas de diferentes idades e procedências é uma rotina desafiadora e estimulante. “Trabalhar se divertindo” é um privilégio que até uma bolada de milhões de reais não seria capaz de sustar.
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