Regional

Trabalho anônimo ajuda a garantir alimentos seguros

Presentes no dia a dia das famílias, os alimentos requerem atenção especial no que se refere à procedência. Os de origem animal, em especial, muito consumidos pelos gaúchos, exigem cuidados que vão do abate até a comercialização.

Para que o produto esteja livre de possíveis contaminações, há pessoas que iniciam o trabalho de fiscalização antes mesmo do amanhecer, em frigoríficos e abatedouros, que são os médicos-veterinários da Secretaria Municipal de Agricultura (Seagri). Em Santa Cruz do Sul, cerca de 20 estabelecimentos do gênero são monitorados periodicamente por sete profissionais.

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É o caso de Lúcia Weiss, que desperta todos os dias às 4 horas para vistoriar desde o primeiro animal que aporta no Frigorífico Schender, no Distrito de Rio Pardinho, por exemplo, que comercializa carne suína.
“Como fiscais, somos responsáveis por todo o andamento do abate”, diz. Antes de iniciar eles devem fazer o ante-mortem, no qual analisam a documentação que acompanha os animais. “Verificamos o número de animais que aportou no frigorífico, sua procedência e inclusive a GTA (documento obrigatório para o transporte de animais)”, explica.

Mas o mais importante, segundo ela, é o trabalho que vem na sequência. “Se tem algum animal com problemas de saúde, de lesão, por exemplo, que tenha que ser abatido antes, ou outro que veio a óbito durante o transporte e precise de necropsia, tudo isso é verificado”, exemplifica. Ou seja: nada passa batido na vistoria de Lúcia, que realiza essa tarefa há mais de 20 anos. Atualmente, são abatidos no Frigorífico Schender cerca de 350 animais por dia, em torno de 6 mil ao mês.

De acordo com Sérgio Schwendler, o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) foi fundamental para habilitar a empresa no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi), o que possibilitou aumento na comercialização. “O serviço nos habilitou para que conseguíssemos o Sisbi, e assim podemos comercializar os produtos em todo o território nacional”, comenta Sérgio.

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A empresa, fundada em setembro de 1988, atualmente passa por ampliação. De acordo com Sérgio, a expectativa é de triplicar a produção, após a ampliação de 5 mil metros quadrados do complexo industrial, em um investimento de mais de R$ 100 milhões. “Na época o prefeito Arno Frantz deu muito apoio para nós, porque começamos num casarão antigo. Quatro anos depois, quando assumiu o Hermany [Edmar], ele nos ajudou para fazermos as lagoas de tratamento. Foi assim que começamos e hoje contamos com 170 funcionários”, recorda.

Todas as etapas recebem acompanhamento

Ainda é madrugada quando o médico-veterinário Ricardo Almeida da Costa sai de Santa Cruz do Sul para o interior, tendo como destino o Frigorífico Gassen, em Linha Nova. Lá, veste-se inicialmente com uniforme em tom azul, para verificar o gado no curral. É naquele setor que ele faz o trabalho, todas as manhãs, de examinar as informações de transporte e saúde. “E também verificamos se há possíveis problemas de saúde, lesões ou condições que possam afetar a segurança alimentar. Animais doentes ou com problemas são separados para avaliação mais detalhada”, explica.

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Concluída a parte inicial do trabalho, Almeida muda o uniforme para o branco, a fim de acompanhar o abate. Segundo o profissional, é nesse processo que se monitora ativamente as condições do local, de maneira a garantir que as boas práticas sejam observadas. “Após o abate, a gente faz uma inspeção minuciosa das carcaças, órgãos e outros tecidos. É verificado se há sinais de doenças ou anomalias que possam impactar a qualidade da carne e a segurança alimentar”, ressalta.

O médico-veterinário acompanha cada etapa do processamento da carne, incluindo o corte, o empacotamento e a rotulagem, para garantir que tudo se mantenha em conformidade com os padrões de segurança alimentar. “Após as inspeções e confirmação de que a carne está dentro dos padrões exigidos, coloca-se as etiquetas apropriadas para a distribuição.

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Atualmente, o Frigorífico Gassen abate cerca de 350 bovinos por dia, média de 5 mil ao mês. De acordo com o proprietário, Luís Fernando Gassen, o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) é fundamental para garantir a sanidade dos produtos. Além do serviço de fiscalização, que acompanha as atividades diariamente, a empresa tem uma equipe de Garantia da Qualidade que monitora todos os processos, gerando sinergia com o trabalho do Serviço de Inspeção.

Pioneirismo

Registrado no SIM de Santa Cruz do Sul desde 1998, o Frigorífico Gassen foi a primeira empresa do município a ser habilitada junto ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi), no ano de 2010. Isso possibilitou aumento na comercialização dos produtos. “Enquanto até 2010 abatíamos cerca de 500 cabeças de gado por mês, com a adesão ao Sisbi pudemos aumentar e hoje já abatemos mais 5 mil todos os meses”, conclui Gassen. A empresa possui 335 funcionários.

Além do Estado

Vender para fora do Rio Grande do Sul era um sonho acalentado pelos sócios-proprietários da Distripam Casing Ltda., localizada em Linha Pinheiral. A empresa trabalha com a confecção de envoltórios para embutidos, como linguiça, salame e outros, provenientes de frigoríficos, e que no local passam por vários processos até o produto chegar ao mercado.

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A atividade começou em 2009. Dois anos depois, a empresa conseguiu se habilitar no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi), o que alavancou as vendas. Hoje conta com dez funcionários. “Com o Sisbi, conseguimos comercializar, além do Rio Grande do Sul, para os estados de Santa Catarina e Paraná. Essa expansão dos produtos foi importante para nós”, explica a sócia-proprietária Marciela Rodrigues.

Família de João Alves qualificou produção com apoio do serviço

Primeiro vendendo de porta em porta manteiga, nata, requeijão, leite, levados em uma carroça, uma façanha iniciada por seu Armindo, hoje com 92 anos, e dona Ilse, de 88, transformou-se na agroindústria que leva o sobrenome da família: Laticínios Sehn, em Linha João Alves. Desde 2010, com o empreendimento regularizado, é o microempresário João e sua esposa, Marcia, que tocam a produção, desde a ordenha de mais de 30 vacas até a confecção dos produtos para a venda, contabilizando cerca de 300 litros/dia.

Quem supervisiona todo o trabalho é o médico-veterinário Juliano Gomes, da Secretaria Municipal de Agricultura, que faz a inspeção periódica. “O principal cuidado que se observa é a questão da higiene no ambiente. Mas também observamos se a temperatura está adequada, a rotulagem, a validade dos produtos, e coletamos materiais para fazer análises regulares em laboratório, atestando que está apto para ser consumido”, explicou Juliano.

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Atividade contribui para a diversificação

A Secretaria Municipal de Agricultura dispõe de sete médicos-veterinários, cinco agentes de Inspeção de Produtos de Origem Animal e um agente administrativo. No total, são cerca de 20 estabelecimentos industriais, entre agroindústrias, frigoríficos e fábrica de embutidos, atendidos por esses profissionais. De acordo com o titular da pasta, Decio Hochscheidt, o trabalho deles é fundamental para o sucesso dos empreendimentos que trabalham com produtos de origem animal.

A prefeita Helena Hermany salienta a importância da diversificação no meio industrial. “Santa Cruz do Sul se tornou um município muito diverso, porque temos indústrias de vários segmentos. Estamos sempre apoiando o pequeno, o médio e o grande empresário, porque todos geram emprego, renda e impostos. O trabalho dos médicos-veterinários que fazem a inspeção é fundamental, para garantir que tudo o que produzimos aqui tenha credibilidade. Quem sai ganhando são as empresas, oferecendo um produto com certificado de qualidade, e o município também ganha, com a geração de impostos na comercialização dos produtos”, declarou.

O Serviço de Inspeção Municipal (SIM) foi criado em 1997 e inicialmente era realizado na Secretaria Municipal de Saúde, quando contava com apenas um veterinário. No ano de 2004, passou para a Secretaria Municipal de Agricultura. A partir de então, estruturou-se para atender de forma mais eficaz as demandas de indústrias de produtos de origem animal. O coordenador do SIM é o médico-veterinário Paulo César Rutkowski.

Profissionais da Secretaria de Agricultura atendem 20 estabelecimentos no município

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