O incêndio da Catedral de Notre-Dame, na França, que destruiu sua torre de 90 metros de altura, traz à lembrança a queda da torre da antiga Igreja Matriz de Santa Cruz do Sul, que também veio abaixo pela ação do fogo. Mas a queima foi planejada e teve por objetivo deixar limpo o terreno que hoje forma o jardim do largo da Catedral São João Batista.
 

Foto: Divulgação
A torre da antiga Igreja Matriz, que ficava na frente da catedral, foi derrubada de uma forma inesperada

A primeira matriz ficou pronta em 1861 e era em frente à atual catedral, rente à calçada da Rua Ramiro Barcelos. Quando a comunidade católica decidiu construir um novo templo, foi definido que seria no mesmo local, atrás da velha igreja.

Em março de 1940, quando a majestosa igreja já estava pronta, foi iniciada a demolição da velha. Em outubro, restava de pé apenas a torre, com 30 metros de altura. Era uma estrutura sólida, de blocos de pedra, capaz de suportar o peso de quatro grandes sinos: São João (813 kg), Santa Maria (560 kg), São José (380 kg) e São Miguel (313 kg).

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Para derrubá-la de uma só vez e poupar dias de trabalho, o engenheiro Ernst Matheis usou de criatividade. Uma vala foi aberta junto ao alicerce e, em toda a volta da construção, foram colocadas toras de lenha, molhadas com querosene. Após meia hora de fogo, ouviu-se um enorme estrondo, seguido de muita poeira e fumaça, indicando que a estrutura havia caído.

Leonardo Koehler era sineiro e conhecia cada canto da torre, pois costumava subir até os sinos para admirar a cidade. Recorda que o povo foi até o Centro, às 9 horas da manhã, acompanhar o acontecimento e muitos se emocionaram.

Os alunos do Colégio São Luís assistiram das janelas. No Colégio das Irmãs, ao lado da matriz, não houve aulas. E as janelas foram bem fechadas, para evitar que a poeira e a cinza entrassem nas salas.

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Após a “implosão”, começou a remoção dos entulhos, que foram levados embora de carroça. Sem retroescavadeira, o trabalho durou semanas.

Foto: Divulgação
Leonardo Koehler lembra do fogaréu
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