O Instituto Nacional de Câncer (Inca) anunciou dados preocupantes para 2016. A estimativa é de que 600 mil novos casos da doença sejam confirmados no Brasil ao longo deste ano. E não para por aí. Pelo menos 200 mil mortes causadas por câncer devem ocorrer no País. Esses números, porém, podem ser evitados, dependendo apenas de cada um de nós. Neste Dia Mundial do Câncer, o slogan “Eu Posso, Nós Podemos” busca enfatizar isso. A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento correto podem evitar grande parte dos óbitos estimados pelo instituto.
Para a oncologista clínica Alexandra Petri Loureiro, do instituto Saint Gallen de Santa Cruz do Sul, este dia é importante por mobilizar anualmente os profissionais envolvidos no combate ao câncer a alertar a população dos perigos iminentes desta doença. Mas também se trata de uma data essencial para os pacientes diagnosticados e seus familiares, pois leva uma mensagem de força e esperança na luta pela cura. “O câncer não afeta só o doente, mas todos aqueles em torno dele. Por isso o trabalho envolve muito mais do que um médico, são diversos profissionais. E nesta data todos são chamados”, explica.
A médica ressalta que são três os principais objetivos que envolvem o combate ao câncer. O primeiro – e mais importante – é a prevenção. “Apenas com a adoção de uma série de hábitos saudáveis, protegendo o organismo, seria possível evitar diversos casos”, afirma. Além disso, exames regulares, estudo do histórico familiar e conhecimento sobre as causas do câncer podem ajudar a prevenir a doença. Sem isso, porém, ainda entra o segundo ponto: diagnóstico precoce. “Muitas pessoas passam meses, talvez anos, com sintomas de câncer e não procuram algum profissional para serem diagnosticados. O tratamento desde cedo tem uma chance muito maior de sucesso e sem dúvida pode salvar a vida do paciente.”
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Não tendo a prevenção e nem o diagnóstico precoce, o jeito passa ser dar o tratamento adequado. Mas segundo Alexandra, isso envolve outras questões que vão além de prolongar a vida e diminuir o sofrimento. “É necessário assistência psicológica tanto para o doente quanto para sua família. O câncer traz muitas questões complicadas que devem ser tratadas de forma adequada para não ser tão prejudicial à vida de todos os envolvidos”, salienta a médica.
Na região do Vale do Rio Pardo, atendida pelo instituto oncológico em que trabalha Alexandra, os tipos de câncer mais comuns são os de pele. Porém, apesar de ser importante evitar a exposição solar, esses casos geralmente não representam risco de vida e podem ser tratados com cirurgia. Já entre os cânceres que causam mais preocupação destaca-se entre as mulheres o de mama e entre os homens o de próstata. “Além disso, o câncer de pulmão, causado pelo cigarro; o de intestino; o do colo uterino e o do colorretal são bem recorrentes no Sul do Brasil.”
Prevenção depende de cada um
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O coordenador científico da Clínica de Oncologia Unimed, Doral Stefani, destaca que textos com as palavras “devastador”, “luta” ou “lágrimas” ainda são recorrentes quando se fala sobre câncer. Porém, o tema “Eu Posso, Nós Podemos” aposta justamente no contrário, na busca de ações que modifiquem esse cenário. “O objetivo é evitar milhões de mortes por uma doença que pode ser prevenida ou detectada precocemente, através de medidas individuais e institucionais”, ressalta.
De acordo com Stefani, cada um pode – e deve – fazer sua parte por meio de hábitos como não fumar, beber álcool sem excessos, praticar atividade física, ter uma dieta saudável e evitar o sol em horários impróprios, além de fazer visitas de rotina ao médico, mesmo sem sintomas ou histórico familiar. “As instituições públicas e privadas, da mesma forma, devem fomentar educação e criar ambiente adequado para que as pessoas tomem atitudes práticas”, afirma.
Conforme ele, existe uma demanda mundial para que se criem soluções ágeis por intermédio de políticas de saúde sensíveis a esta epidemia global, de forma a tentar reduzir o enorme consumo de recursos, humanos e financeiros, que só vem crescendo. “O tema de 2016 é um convite para mostrar que podemos, de forma simples e criativa, contribuir com essa meta”, explica o coordenador.
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