Comemoramos neste sábado mais um Dia do Trabalho em tempos de pandemia. O cenário tem sido de muita angústia para toda a população, em virtude da ameaça à saúde, que já não pode ser negada por ninguém ou passar despercebida (justamente nesta semana atingiu-se a inquietante marca de 400 mil mortos por causa da Covid-19 no País). Os reflexos sobre a socioeconomia são igualmente evidentes, como podem sentir os investidores em setores de comércio, serviços e atividades industriais diversas.
Mas se empresários e lideranças, públicas e privadas, que têm a possibilidade da tomada de decisão, já convivem com a inquietação, o que dirá um outro contingente, que, ao contrário de decidir, é alvo justamente de decisões quase sempre tomadas à sua revelia? São os… trabalhadores! Os dados mais recentes, do início de abril, sobre a realidade do desemprego no Brasil são aterradores: conforme o IBGE, 14,3 milhões de pessoas estão fora do mercado de trabalho, pessoas que se encontram na idade produtiva, a fase da vida que seria a de assegurar a renda para a sua própria subsistência e a de seus familiares. Ou seja, não têm absolutamente nada a comemorar neste sábado. Pelo contrário.
E, na verdade, os efeitos dessa desocupação são sentidos por todos os demais, por todos nós, pois a subsistência delas passa a recair ou sobre os familiares, os ainda empregados, ou sobre a sociedade, na forma de auxílios governamentais que, afinal, advêm dos tributos que todos pagamos. Em outras palavras: esse custo não é do governo; é nosso. E assim podemos compreender bem por que a cada semana, a cada mês, mais nosso próprio custo de vida vai se encarecendo. Não há mágica, muito menos almoço grátis. Alguém (todos) está sempre pagando a conta.
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Em termos percentuais, os desempregados são 14,2% da população em idade produtiva. É muita gente. Considerando que em muitos casos a pessoa sem emprego era a mantenedora da família, os efeitos estendidos de cada uma delas alcança talvez três ou quatro pessoas em um núcleo familiar, de maneira que os reflexos podem afetar o poder aquisitivo de 50 milhões de pessoas, ou mais. E esse é um aspecto muito delicado: se os empresários já se ressentem da dificuldade de pagar as contas de seus empreendimentos, pior fica quando o consumo ou a demanda dos produtos ou serviços que oferecem recua.
Pessoas empregadas formalmente são evidência de dinheiro circulando com regularidade a cada início de mês, num círculo produtivo virtuoso, em que todos ganham: o industrial, o comerciante, o trabalhador e o poder público. Com mais dinheiro circulando na mão do trabalhador, o comércio de bens, lazer e serviços vende mais, e mais tributos são gerados, podendo ser reinvestidos em infraestrutura e serviços essenciais. E tudo começa pelo… trabalho. Esse mesmo que se comemora neste sábado. Que cada vez mais pessoas, em todos os lugares, possam vir a comemorá-lo, com alegria e alívio, nos próximos anos!
Bom final de semana para todos.
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