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ENTREVISTA

“Toda vez que meu filho falava comigo, ele dizia que me amava”, diz mãe de montador assassinado pela esposa

Foto: Bruno Pedry

O Natal sempre foi uma data marcante para a família de Sizane do Amaral Gonçalves, 49 anos. A festividade do ano passado, aliás, havia sido realizada na casa dela, no centro de Santa Cruz do Sul, e foi cercada de muita emoção, ao lado do filho, o montador de móveis Maicon Natan Gonçalves Marques, 32 anos, e demais parentes. Mal poderia imaginar que aquele seria o último Natal ao lado do filho e que o deste ano não seria de comemoração, mas de muita tristeza e saudade.

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Na casa dela, o pinheirinho e os ornamentos alusivos à data especial, este ano, são para alegrar o neto, que nem faz ideia do que aconteceu. O pai dele e filho de Sizane foi brutalmente assassinado com tiros na cabeça na noite de 8 de novembro, em Vera Cruz, após ser atraído para uma emboscada. A trama, revelada em uma investigação minuciosa feita pela Polícia Civil, apontou cinco pessoas como participantes do crime, orquestrado pela nora de dona Sizane e esposa de Maicon, Tamara Cristina da Silva, 26 anos, atualmente presa preventivamente no Presídio Estadual Feminino de Rio Pardo.

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Em meio a fotos de seu casamento, dona Sizane exibe imagem que mandou emoldurar: um beijo recebido do filho no último Natal | Foto: Bruno Pedry

Em entrevista à Gazeta do Sul, a mãe do rapaz assassinado detalhou como é seguir a rotina diante da situação e o que sentiu quando foi informada pela Delegacia de Polícia de Vera Cruz que a mulher que considerava como filha havia mandado matar Maicon. “Eu não consigo acreditar. O Maicon era querido por todo mundo, brincalhão. Fazia tudo por todos e estava sempre disposto. Toda vez que meu filho falava comigo, ele dizia que me amava”, relatou a mãe. Doceira de mão cheia, Sizane, mais conhecida como Tita no mundo das guloseimas caseiras, contou que neste fim de ano, na alta da produção de salgados e doces, resolveu baixar o ritmo.

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“Não peguei tanta demanda. Os dias têm sido muito difíceis. Começo a ter crises de choro, é muito ruim pra dormir.” Atualmente, Sizane detém a guarda provisória do filho de 2 anos que Maicon teve com Tamara e busca na Justiça a guarda definitiva. “Ele é a nossa herança do Maicon. É a única coisa que me resta, proporcionar uma vida e assumir o que meu filho faria por ele. E o Maicon era muito família, agarrado com ele.” A mãe revelou que o montador tinha um seguro de vida em seu nome, fato que está sendo discutido judicialmente.

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Após o crime, um bilhete para a sogra

Oito dias após o homicídio e nove antes de o caso vir a público, revelado pela Polícia Civil com exclusividade para a Gazeta do Sul, em 16 de novembro Tamara Cristina da Silva escreveu um bilhete para a sogra e deixou na agenda dela. No papel, afirma que adora Sizane. “Você é como segunda mãe pra mim. Amo você”, diz parte do texto. O papel, que a doceira havia colado na parede, por acreditar que era um gesto de carinho por parte da nora, agora está juntado ao processo do caso.

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O luto aparente mostrado por Tamara chamou a atenção dos familiares de Maicon até o caso ser revelado. “Ela foi com a gente, no mesmo carro, para o enterro dele. No velório, abraçava o corpo do meu filho, chorava. Depois mandei mensagens pra ela, e ela dizia que não sabia o que ia fazer, não tinha mexido nas coisas dele ainda. E eu incentivando ela a seguir a vida, ser forte. Mal sabia que depois descobriria tudo”, enfatizou Sizane.

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Uma mensagem escrita por Tamara para Sizane Gonçalves foi juntada ao processo

“A Tamara era como se fosse minha filha. Conviveu comigo dentro de casa, disse que me amava. Eu chorei muito quando soube o que ela fez, e como ela conseguiu ter essa frieza. Ela tirou de mim meu único filho homem. Foi muito triste saber que meu filho foi morto por uma pessoa que ele amava.”

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Audiência de instrução deve ser marcada para fevereiro

Tamara Cristina da Silva confessou o crime à polícia e, depois de se tornar foragida por 11 dias, apresentou-se acompanhada de um advogado. Antes de ser presa, contou uma nova versão dos fatos. Em depoimento cercado de contradições, disse que foi ameaçada pelo seu ex-padrasto Carlos Rech, 48 anos, que está foragido e também foi indiciado pelo crime, para confessar o envolvimento dela como mandante. Rech havia sido condenado por ter estuprado Tamara ainda quando ela era adolescente, com 16 anos.

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Ele fugiu quando os agentes da DP de Vera Cruz foram buscá-lo para prestar depoimento, no dia 30 de novembro, e não foi mais encontrado. Além dele e Tamara, um homem de 26 anos, amigo de infância da mulher, que intermediou a negociação da morte por R$ 1 mil, e outro de 31, que assassinou Maicon a tiros perto do trevo de Ferraz, após chamá-lo para um suposto trabalho, foram presos em Vera Cruz durante a Operação Quinto Mandamento, deflagrada pela Polícia Civil em 24 de novembro.

Outro rapaz, de 28 anos, que adquiriu a motocicleta Honda CBX 200 Strada preta de Maicon, roubada no dia do homicídio, teria fornecido o revólver para a execução e, por ora, responde em liberdade. Os cinco vão responder por homicídio triplamente qualificado, com as qualificadoras de paga ou promessa de recompensa e motivo torpe; meio cruel e emboscada, dissimulação ou outro recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

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Atualmente, após a conclusão do inquérito pela delegada Lisandra de Castro de Carvalho, o caso está no Judiciário. Uma audiência de instrução deve ser realizada em fevereiro. Além disso, os policiais civis mantêm as buscas ao último foragido do caso. Quem tiver informações sobre o paradeiro de Carlos Rech pode entrar em contato com a DP de Vera Cruz pelo telefone (51) 3718 1137, que também é WhatsApp. Esse mesmo número pode ser usado pela comunidade para denunciar crimes. O sigilo é mantido.

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