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Fora de pauta

Tipuanas e sacolinhas

Retirar ou não as tipuanas da Marechal Floriano? Eliminar ou não a circulação de sacolas e copos plásticos? Duas discussões que dizem respeito à nossa relação com o meio ambiente estão na ordem do dia em Santa Cruz e dividem profundamente a comunidade – o que, no caso do Túnel Verde, já foi demonstrado até em pesquisas de opinião.

No que toca aos plásticos, o debate é motivado por um projeto de lei que está na iminência de ser votado na Câmara. É um debate difícil porque mexe com uma cultura muito bem estabelecida: sobretudo as sacolinhas de supermercado estão de tal forma entranhadas em nossas rotinas que livrar-se delas de uma hora para outra soa até um pouco assustador. Sem falar que, em tempos de desinformação, os apelos ambientais não raro são relativizados.

Venho há algum tempo tentando reduzir o uso das sacolinhas em minha casa e posso afirmar com tranquilidade que esse consumo indiscriminado é bem mais uma questão de hábito do que de necessidade. Ainda não cheguei ao ponto de extingui-las, mas já concluí que é possível – com alguma boa vontade, claro. A maioria dos mercados hoje vende sacolas retornáveis por preços acessíveis. E se a preocupação é sobre como descartar os resíduos domésticos, existem opções de sacos de lixo cuja composição torna-os bem menos danosos à natureza.

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No fundo, basta se adequar. Há quem alegue, por exemplo, que o fim dos copinhos criaria um problema para os eventos, em especial os de grande porte, inclusive por questões de segurança. Mas há como contornar. Existem eventos, como o Festival da Cerveja, onde o ingresso dá direito a um copo de plástico duro que é utilizado pelo visitante a noite inteira e ainda pode ser levado para casa. Seria tão ousado pensar em um modelo semelhante para a Oktoberfest?

Argumenta-se que o caminho ideal seria o da educação ambiental. Nunca fui fã do proibicionismo, mas a pergunta é: alguém ainda não sabe que lixo vai na lixeira e que é urgente reciclar e reaproveitar? Mesmo assim, os bueiros e oceanos estão entupidos de plástico e os governos não sabem o que fazer com tanto lixo que é gerado nas cidades.

Outro argumento é econômico: ao partir para a proibição, estaríamos repetindo com a indústria do plástico as investidas contra a cadeia do tabaco. Mas as próprias fumageiras não estão apostando pesado em produtos novos, adequando-se à nova e inevitável consciência sobre o consumo de cigarros? Se proibir parece demais, pode-se começar de maneira mais leve, limitando o número de sacolas que podem ser usadas a cada compra ou cobrando por elas, como já acontece em outros municípios, e permitindo o uso dos copinhos em situações pontuais.

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Adaptar-se é a palavra-chave. E penso que o mesmo vale para as tipuanas. Se as árvores incomodam, é porque falta arrojo. Já ouvi de técnicos que fechar a Floriano para veículos permitiria ajustes no entorno das árvores de forma que os transtornos seriam amenizados. Não sei se é a saída, mas por que não falar sobre isso ao invés de simplesmente riscar do nosso mapa um patrimônio natural, histórico e simbólico e que tanto nos oferece em equilíbrio climático, beleza cênica e identidade?

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