Chegar aos 60 anos, por óbvio, transforma o cotidiano em permanente exercício de fazer balanços de vida. Não tem como fugir dessa tendência. Também é quase irresistível a tentação de pender para o desgosto das coisas que nos arrependemos de não ter feito ao longo de tantos anos. E outras tantas agruras de penitência por aquilo que fizemos, mas sem o resultado esperado. São os desígnios do destino. Tão intangíveis quanto ilusórios. Errar, acertar, tentar… script que todos encenam neste mundão de Deus.
Nos últimos dois anos, tento rever velhos amigos. As redes sociais ajudam no garimpo para reencontrar afetos perdidos. Embora não mantenha ferramentas “moderninhas” como Facebook e Instagram, é fácil garimpar parceiros de longa data.
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A saúde é preocupação constante. Nem sempre a realização de check-up de tempos em tempos garante o bom estado dos órgãos vitais, da nossa alquebrada carcaça. Homens e mulheres devem manter exames periódicos. Para adivinhar a idade de transeuntes, basta flagrar aqueles que carregam envelopes com o timbre de laboratórios. Outro detalhe revelador são as sacolinhas da São João, PanVel, Mais Econômica e similares.
Não há como fugir, não é mesmo? É o seguimento natural da vida. E como diz um velho amigo dos tempos de infância… “que bom que assim seja, que ainda precisemos de remédios. Sinal que ainda estamos neste mundo!”.
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Acordar todos os dias e, vez por outra, sentir alguma dor, gera alegria, prazer, regozijo. “Se levanto com alguma dor, é sinal que estou vivo”, reza o bem-humorado ditado que serve de consolo para nós, jovens há mais tempo – velhos jamais! – ou sábios. E não me venha com esse papo de “melhor idade”. Quem não tem saudades da juventude?
O tempo, sempre ele, é o senhor da razão. É o que empresta tempero à vida, equilíbrio, habeas corpus preventivo para fazer algumas bobagens no cotidiano que, em outras épocas, seriam chamados de fiascos.
Nesta fase, os filhos tornam-se mais tolerantes, embora gostem de implicar com nossas manias, hábitos, TOCs e outros quetais. O convívio com gente da nossa idade rende boas recordações, risadas e alguma nostalgia. Tudo dentro do script previsto para a gurizada medonha nascida no século passado.
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Muitas vezes, no entanto, somos invadidos por uma tristeza imensa ao ver amizades de décadas transformadas em arremedos do que eram. Saúde frágil, saúde física e mental debilitada, amargura em profusão e esquecimento típico da idade nos enchem de tristeza. Fazer o quê? É assim a marcha da vida.
Viver, deixar viver, curtir o tempo que nos resta, tentar deixar um legado de decência, ética e bom exemplo. É a rotina de todos nós, experimentados seres humanos que depois de décadas continuamos a aprender. E ensinar.
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