Este domingo, 20, é o Dia Nacional do Teste da Linguinha. A data, instituída em 2014, incentiva a realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em bebês nascidos em todos os hospitais e maternidades do País – ação pioneira em políticas públicas para prevenção da anquiloglossia, popularmente conhecida como “língua presa”.
O teste é simples e indolor, além de não invasivo e de baixo custo. É um direito de toda criança. A triagem neonatal do frênulo lingual tem o objetivo do diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento de casos, com impacto significativo no aleitamento materno para o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido.
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De acordo com a enfermeira, professora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e sócia da Maternagem Consultoria, Ingre Paz, esse problema pode dificultar a amamentação do bebê desde os primeiros dias de vida. “Estudos evidenciam que, na presença da alteração, alguns sinais e sintomas podem surgir, entre eles os relacionados com o trauma mamilar e os relacionados com a amamentação ineficaz e consequente baixa ingestão nutricional da criança”, explica.
A dificuldade na amamentação, além de causar angústia nos pais e choro no bebê, se não for feita a orientação, pode causar a desistência do aleitamento materno. Ao longo da vida, o problema provoca outras dificuldades, principalmente na alimentação, na fala e na dentição.
Alguns sinais de alerta se manifestam quando o bebê mama pouco, dorme durante a mamada, cansa para mamar e morde os mamilos; “estalos” podem ser sinais de língua presa. Esse problema pode resultar em comprometimentos futuros também na comunicação e socialização da criança.
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Conforme a fonoaudióloga Melissa Camargo, a avaliação é realizada no nascimento e na revisão, no consultório do pediatra. O exame tem o objetivo de identificar se o freio lingual do bebê tem uma fixação que impede ou atrapalha o movimento da língua, o que pode dificultar a amamentação, deglutição e a fala. “O teste ainda não é obrigatório, a lei está em processo de validação”, explica.
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Após a identificação do problema, conforme a idade em que é feito o diagnóstico, cirurgia ou outras terapias são indicadas. “Muitas vezes a conduta é cirúrgica, um rápido procedimento ‘corte na linguinha’ que pode, dependendo da avaliação, ser feito com anestesia local ou geral”, conta a otorrinolaringologista, professora da Unisc e presidente do Conselho da Associação Gaúcha de Otorrinolaringologia, Ingrid Wendland Santanna.
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Problema pode interferir até na autoestima
Apesar de ser uma avaliação simples, o teste da linguinha pode ter impactos significativos no futuro da criança. Conforme a fonoaudióloga Maria Clara Clack da Silva Mayerle, o exame é realizado geralmente logo após o nascimento, mas pode ser feito até o sexto mês de vida. “Na sua realização, o profissional levanta manualmente a língua do bebê e observa os movimentos dela durante a abertura espontânea da boca e mamada”, explica.
“O teste consiste em um protocolo padronizado de observação da língua, dos seus movimentos e de verificação do tamanho do frênulo lingual – a estrutura que fixa a língua na parte de baixo da boca”, explica a médica. Se for identificado que a língua da criança não se move adequadamente ou que o tamanho do frênulo está interferindo na movimentação, pode ser realizada uma microcirugia conhecida como frenotomia.
“É importante destacar que o frênulo lingual não muda de posição ao longo da vida. Então, se for verificado que ele está causando uma limitação do movimento da língua, o mesmo deve ser liberado assim que o diagnóstico for realizado, possibilitando desde cedo uma melhor qualidade de vida para o bebê”, esclarece Maria Clara.
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O problema também pode causar dificuldades de mastigação, de engolir e alterações na fala durante o crescimento da criança e na fase adulta, o que afeta também a alimentação, comunicação, autoestima e até relacionamentos.
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