Nossa Feira do Livro propõe o resgate do hábito da leitura feita pela mãe aos seus filhos e da importância de ela contar histórias para os pequeninos. A doutora Ingrid Tornquist, em sua tese de doutorado, “Das hon ich von meiner Mama”, investigou o papel da mulher enquanto “Kulturträgerin”, na cultura de origem germânica – da mulher enquanto transmissora de valores, de costumes e da crônica familiar às gerações seguintes. Transmissora não somente dos eventos da família, mas sobre sua importante atuação como narradora de contos, de histórias diversas; como cultivadora e transmissora do idioma, de cantigas, de orações e do amor por plantas e animais.
Eis por que é tão valioso o enfoque dado em nossa feira do livro à contação de histórias em seio familiar. Contar histórias está presente em diferentes culturas. Assim também na germânica. A origem dos Märchen – dos contos de fadas – está na tradição oral de contação de histórias e procede de muito antes do surgimento da imprensa. Contar histórias de há muito faz parte da vida em família, do imaginário popular, passado de uma geração a outra. O livro de contos coletados da tradição oral pelos irmãos Grimm: Kinder und Hausmärchen – foi publicado em 1812. Suas edições subsequentes somam mais de 200 histórias e lendas. Tornou-se um dos livros mais lidos e traduzidos no mundo.
A propósito, a contação de histórias é reconhecida como patrimônio imaterial cultural na Alemanha. O país ostenta uma longa tradição leitora e de feiras de livros. Com o advento da imprensa e a Reforma Cristã, a impressão de obras cresceu enormemente. Leipzig, por exemplo, já era um local de referência na exposição de livros há mais de 500 anos. Ao lado de Veneza, Paris e Basel, Leipzig tornou-se destaque na impressão. Junto com Frankfurt, esse empenho a favor dos livros continua atual. Com mais de 7.500 expositores, vindos de mais de cem países, Frankfurt concentra a maior feira de livros do mundo. Em Tübingen conheci a livraria Osiander, que existe desde 1596, e a frequento sempre que por lá estou.
Livros concentram magia, saber, conhecimento.
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Livros concentram riquezas que podemos acumular infinitamente ao longo da vida, riqueza que podemos partilhar sem nunca a diminuir em nós, e ninguém pode de nós tirar esse tesouro que amplia nossos horizontes de mundo, nossa capacidade de reflexão. O secretário municipal de Educação, Wagner Machado, muito bem coloca seu entendimento de “Conhecimento e cultura como promotoras da libertação do caos”. Deveras, conhecimento liberta, nos possibilita sermos sujeitos de nossa história de vida. Ouvir histórias na infância desenvolve a imaginação, a fantasia e, por consequência, a criatividade do ser humano, desperta o gosto por leitura, leitura leva a conhecimento e conhecimento liberta, promove a prosperidade intelectual e emocional na vida de quem lê.
Ler, contar histórias aos pequeninos favorece a relação afetiva para com os filhos, fomenta sua linguagem, desenvolve sua inteligência. Mães, contem e leiam histórias, lendas, fábulas para seus filhos, cantem com eles. Isso pode ser feito na hora de os levar para dormir, pode ser durante os afazeres diários no lar e em momentos de lazer; pode ser enquanto fazem caminhadas em contato com a natureza, o que lhes também possibilita conhecer mais o mundo natural em meio ao qual vivemos. Lembrem-se, contar histórias e ofertar livros são preciosos presentes para as crianças. Já dizia o conhecido escritor alemão Erich Kästner (1899-1974), autor de obras para crianças e jovens: “Wer Bücher schenkt, schenkt Wertpapiere.” – Quem oferta livros presenteia bens de valor – claro, a escolha deve ser criteriosa, levando em conta a qualidade do livro e a idade do ser a ser presenteado.
Mães, se possível, criem também um espaço de leitura e de livros dentro do lar para seus filhos, um refúgio e, ao mesmo tempo, um ambiente propício, para juntos viajarem para muito além dos limites físicos de suas vidas. Ler livros e contar histórias para os pequeninos é abrir caminho para o enriquecimento de suas vidas.
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