Na semana passada, lembramos um pouco das histórias envolvendo a passagem de ciganos por Santa Cruz do Sul. A partir dos anos 30, eles começaram a trocar as carroças por caminhões e carros. Mas os acampamentos continuavam na área do atual Parque da Oktoberfest.
Harry Genehr lembra que havia lendas em torno deles. Como falavam alto e usavam roupas diferentes, acabavam assustando as crianças. Mas eles eram gente boa, alegres e zelosos com os filhos.
Dois fatos envolvendo ciganos ficaram na memória do leitor. Um foi o aniversário de um dos seus líderes. A festa durou três dias, com música, bebida e churrasco. Galinhas e ovelhas eram carneadas no local e a carne ficava dependurada na sombra.
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O outro foi a morte do cigano Miguel Saul, de 22 anos. Ele tinha um tumor no cérebro e faleceu no Hospital Santa Cruz em 20 de junho de 1957. O enterro trouxe dezenas de ciganos à cidade.
Na noite de Natal de 1960, o túmulo de Miguel, no Cemitério Municipal, foi arrombado. Segundo noticiou a Gazeta, o zelador do cemitério, Nestor Iser, foi acordado pelos latidos dos cães e batidas de marreta. Ele acendeu as luzes e o barulho parou.
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Na manhã seguinte, constatou o arrombamento. Parte do caixão foi retirado do túmulo, mas não foi aberto. Os ladrões fugiram ao ouvir o movimento do zelador ou ficaram com medo de uma “maldição”.
Miguel era filho de João Saul, um dos chefes ciganos mais ricos do Estado. Quem foi ao velório contou que ele foi enterrado com uma fortuna em joias e moedas de ouro e prata. A possibilidade de haver um tesouro no Municipal virou lenda e despertou a cobiça dos ladrões.
PESQUISA: Arquivo da Gazeta do Sul
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