Um pesquisador natural de Rio Pardo conquistou um prêmio internacional por sua tese de doutorado. Geancarlo Abich, de 34 anos, recebeu a honraria pelo Technical Test Technology Council (TTTC) – Conselho Técnico de Testes em Tecnologias de Circuitos Integrados –, voltado ao reconhecimento e promoção de pesquisas relevantes no setor de Testes de Circuitos Integrados.
Intitulado Avaliação da confiabilidade de redes neurais convolucionais expostas a erros transientes quando executadas em dispositivos de borda computacional IoT com recursos limitados, a tese já havia obtido nota máxima no programa de Doutorado em Microeletrônica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ela ainda foi publicada pela editora acadêmica internacional Springer Nature.
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Para obter o título, Abich, que recentemente mudou-se de Portugal para a Espanha, venceu duas etapas. Primeiro a semifinal regional, da América Latina, na qual explanou a pesquisa de forma remota. Depois viajou a San Diego, na Califórnia (Estados Unidos), para a final global, que ocorreu durante o IEEE International Test Symposium (ITC), apresentando-a a um júri de especialistas. Com isso, tornou-se um dos 15 pesquisadores a receber a premiação, que presta homenagem a Edward J. McCluskey, norte-americano pioneiro na área que se dedicou à engenharia elétrica e testes de circuito e confiabilidade.
Na avaliação do acadêmico, a premiação é a valorização de um trabalho realizado há anos, fruto de muita dedicação e investigação de erros que podem comprometer o desempenho e a integridade de dados das redes neurais, método que ensina os computadores a processar informações de forma similar a um cérebro humano. “Esse reconhecimento internacional reflete o esforço coletivo de todos que me acompanharam, uma equipe forte e unida. Sigo motivado a continuar contribuindo para o avanço da ciência e tecnologia em sistemas de computação confiáveis para IA”, escreveu.
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Uma trajetória que começou nas escolas da rede pública
Filho de Carlos Alberto Dornelles Abich e Elane Abich, Geancarlo morava no Bairro Ramiz Galvão e frequentou a escola estadual local. No terceiro ano do Ensino Fundamental, já participava de competições de matemática organizadas pela professora, uma forma de estimular os alunos a aprender a tabuada. Como regra, costumava copiar tudo que os professores falavam e escreviam.
Mais tarde, completou o Ensino Médio no Colégio Estadual Barro Vermelho, situado em Ramiz Galvão. Foi nesse período que participou das olimpíadas de matemática. Apesar da timidez, passou a ajudar os demais colegas nas tarefas escolares. “Eu terminava as coisas muito rápido e acabava ficando ocioso. Não conversava com ninguém, e aí a única conversa que eu tinha era quando ia nas classes dos meus colegas para tentar ajudá-los a resolver os problemas”, explicou.
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A trajetória acadêmica começou na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde cursou Engenharia de Computação, formando-se em 2014. Determinado a aprender mais, decidiu realizar o mestrado em Ciência da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Em 2022, concluiu o doutorado em Microeletrônica.
Com isso decidiu continuar na área acadêmica. Em fevereiro do ano passado, foi para Lisboa, Portugal, onde realizou o pós-doutorado no Inesc-ID (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores), principal centro de pesquisa português. Sua trajetória, no entanto, não parou por aí. Em novembro de 2024, mudou-se para Sitges, província de Barcelona, na Espanha, para trabalhar na Semidynamics, empresa que desenvolve processadores e soluções para inteligência artificial.
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Para o pesquisador, esse é apenas o início da sua jornada. “Acho que onde eu estou hoje ainda não é o suficiente para o que eu posso alcançar. Posso chegar ainda mais longe”, garantiu. E tudo isso, segundo ele, começou em Rio Pardo. Lembra com carinho o nome dos educadores que contribuíram na sua formação, desde o jardim de infância até a academia. “Costumo dizer que eu tive sorte de ter bons professores e professoras. Eles sempre me incentivaram a aprender, a discutir e ter essas trocas de informação”, justificou.
Abich ressaltou ainda a qualidade do ensino público, já que grande parte da sua trajetória ocorreu nessas instituições. “O ensino público é muito bom para criar pessoas que sejam autossuficientes e vão alcançar uma carreira legal”, disse.
A família também teve um papel fundamental. Desde o início, ele contou com a ajuda dos pais e agora tem o apoio de sua esposa, Paula Fischer. “Meus pais sempre me incentivaram a estudar. Eles diziam que se eu fizesse isso, não ia faltar nada”, salientou.
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