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Terrifier 3: uma máquina visceral de fazer dinheiro

Em cartaz nos cinemas de Santa Cruz do Sul, o filme Terrifier 3 transformou-se em um fenômeno que eviscerou (quase que literalmente) a indústria cinematográfica norte-americana. A nova entrada da franquia, famosa por chocar e fazer os espectadores vomitarem pela brutalidade sanguinolenta e cenas de mortes absurdas, quebrou recordes e tornou-se um fenômeno. Nessa semana, o filme ultrapassou a marca dos 61 milhões de dólares em bilheteria global. A quantia é mais de 30 vezes o orçamento, de 2 milhões. Assim tornou-se o filme sem indicação classificativa mais lucrativo.

Em sua ascensão nos cinemas, o maníaco sobrenatural Art, O Palhaço massacrou sem dó e piedade Coringa: Delírio a Dois. Conforme a Variety, no final de semana de estreia em 2.515 cinemas norte-americanos, Terrifier 3 arrecadou 18,3 milhões de dólares. Já a dupla Coringa & Arlequina – que custou 200 milhões e era exibido em 4.102 salas – arrecadou apenas 7 milhões. Nada mal para uma obra amadora e independente que deu os primeiros passos em 2013.

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Foi no terror antológico All Hallow’s Eve (que receberia o título Terrifier: O Início no Brasil mais tarde), que o público conheceu Art. Diante do potencial do personagem, Damien Leone decidiu produzir um filme solo e torná-lo um protagonista. Nascia Terrifier, de 2016. A obra independente, filmada por 35 mil dólares, destacou-se pela performance cômica e psicopata do vilão, além da violência extrema. Art voltaria à tela grande em 2018. Com um orçamento maior, mas considerado baixo para os padrões da indústria (250 mil dólares), Leone pôde tornar ainda mais explícitas e sangrentas as atrocidades do palhaço.

As notícias de pessoas desmaiando e vomitando durante a exibição contribuíram para aumentar a fama do filme, que lucrou 15 milhões no cinema. Com o sucesso da franquia, os grandes estúdios passaram a enxergar o palhaço assassino como a galinha dos ovos de ouro. Leone relatou os sedutores acordos para levar a produção a um novo patamar. Porém, o diretor recusou as ofertas tentadoras em benefício da sua liberdade criativa. Assim, pôde desenvolver a terceira continuação como bem entendesse, além de poder extrapolar os absurdos e o sangue dos anteriores, para entregar aos fãs o que eles querem.

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A depender dos espectadores do Cine Santa Cruz, que acompanharam a estreia na noite de Halloween (Dia das Bruxas), 31 de outubro, Leone conseguiu.  Para além dos desmembramentos, Art e Leone encontraram o seu público. Embora muitos possam questionar (com razão) a trilogia, Terrifier é o clássico exemplo do que os americanos gostam de chamar de “underdog story” (a história do azarão, em tradução para português). Com poucos recursos, abalaram a indústria cinematográfica. Se até mesmo o Palhaço do Crime sucumbiu a Art, é bom que os engravatados se cuidem.

Matando tempo

Além do aumento no orçamento, Terrifier 3 evidencia o desenvolvimento de Damien Leone como roteirista e diretor. Em entrevista ao “Collider”, o artista revelou que costuma ler as resenhas dos espectadores na internet e entender o que há de bom, de mau e de feio em seu trabalho. Para ele, é importante tornar-se um cineasta e escritor melhor, para entregar a experiência mais satisfatória.
“Quero saber o que estão amando e especialmente o que não está funcionando. […] Você tem a responsabilidade com a audiência em prestar atenção e tentar não repetir os mesmos erros”, afirmou.

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De fato, é notável a melhora técnica em todos os aspectos, desde a narrativa à direção. Contudo, não espere uma trama elaborada com diálogos existencialistas. Terrifier 3 conta ainda com um fiapo de história como mera justificativa para as atrocidades exibidas. Isso, no entanto, pouco incomodou as 30 pessoas que foram à estreia no Cine Santa Cruz na noite de Halloween.

O palhaço volta para cometer seus atrocidades cinco anos após o filme anterior. Ele decide retornar durante o Natal para vingar-se dos sobreviventes do filme anterior. Para aqueles que querem criar empatia pelos personagens, a obra destaca-se ao explorar as vítimas de Art. Em especial Siena, heroína da franquia que enfrentou o palhaço e sobreviveu.

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A personagem inicia Terrifier 3 recebendo alta de uma clínica psiquiátrica, onde permaneceu internada cinco anos lidando com o trauma. Mesmo após o tratamento, a personagem ainda carrega as cicatrizes físicas e psicológicas deixadas por Art. Siena enxerga em todos os cantos os amigos e familiares mortos pelo psicopata, que a culpam pelo que ocorreu. E o medo de reencontrá-lo faz com que os outros personagens questionem a estabilidade mental da garota.

Sem o conflito entre Art e Siena, o longa-metragem, com 125 minutos de duração, limitaria-se a um monte de cenas sanguinárias conectadas por uma trama pobre. Além disso, o excesso de violência e mortes absurdas a todo momento pode torná-las repetitivas. E o que era para ser impactante pode apenas provocar bocejos. Apesar dos defeitos, Terrifier 3 é a culminação de anos e anos de cinema de horror resumidos em um filme. Vê-lo no cinema, com uma plateia entusiasmada, torna-se a experiência adequada para testar os nervos e o estômago.

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Onde assistir

  • CINE MAX BRASIL: Sala 1 – 21h20 (2D,dublado)

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