Eliminado pela Alemanha no Pré-Olímpico de Basquete, o Brasil ficou fora dos Jogos do Japão no ano passado. Agora, o desafio é recolocar a seleção na próxima edição da Olimpíada, que acontece em 2024, em Paris. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul, o técnico Gustavo De Conti, que também comanda o Flamengo, atual campeão do Novo Basquete Brasil (NBB), falou sobre a preparação para o novo ciclo.
O treinador carioca celebrou o fato de Santa Cruz do Sul retornar à elite nacional. Disse que o município tem muita tradição no esporte e destacou a chance de um treinador nascido em solo nacional orientar novamente a equipe canarinho após 13 anos. “Acho importante esse resgate”, frisou o comandante, que substituiu o croata Aleksandar Petrovic. Ele tem 41 anos e faz 42 no dia 27 de fevereiro.
Confira a entrevista completa:
- Gazeta do Sul – Como o senhor vê o retorno de Santa Cruz à elite?
- De Conti – Achei muito boa essa notícia quando soube que o time de Santa Cruz do Sul iria voltar, porque, sem dúvida, é um lugar que tem muita tradição no basquete. Tem títulos importantes, como o Nacional (1994), por exemplo, o povo gosta, sempre apoiou o time. Daí saíram muitos jogadores importantes para o basquete brasileiro. Fiquei muito feliz.
- Depois de 13 anos com técnicos estrangeiros, o Brasil voltou a ter um treinador nascido aqui. O que isso representa?
- Acho importante esse resgate, essa volta de ter um treinador brasileiro. Acho que o período em que tivemos treinadores estrangeiros foi importante também, eles fizeram bons trabalhos, mas agora provavelmente teremos uma grande reformulação, uma renovação da seleção. E nada melhor do que um técnico brasileiro, que conhece os meninos, os jovens, que convive diariamente com o basquete nacional, para liderar essa reformulação.
- É o seu maior desafio, levando-se em conta o ciclo olímpico (Paris-2024)?
- Esse ciclo olímpico é mais curto. Claro que tem uma base de jogadores mais experientes, que continuarão na seleção até lá, pelo menos. Sem dúvida, a presença dos jovens também será muito importante, não só para esse ciclo olímpico, mas para os próximos.
- Como é feita essa busca por novos talentos?
- Estou convivendo diariamente no basquete brasileiro. Conheço todos os jogadores, assim como nossa equipe técnica faz o acompanhamento dos atletas – não só os que estão no Brasil, mas principalmente aqueles que atuam no exterior, com quem a gente tem menos contato. Estamos acompanhando todos e temos uma equipe técnica e de análise na CBB (Confederação Brasileira de Basquete), que faz esse trabalho.
- Como fica a conciliação Flamengo e seleção?
- Fica tranquila, porque não vão bater as datas, são diferentes. Ao contrário do futebol, no basquete, a Fiba (Federação Internacional) sempre para o campeonato e o clube não é prejudicado, muito menos a seleção.
- Qual a importância das escolas europeias e americanas para a seleção?
- O basquete hoje está muito voltado para a NBA, que tem um ritmo de jogo mais acelerado, bastante volume de jogo, principalmente no arremesso de três pontos. Acho que uma mescla das duas coisas é importante se fazer, fazer um basquete mais controlado como o europeu quando precisa e correr um pouco mais quando precisa, igual à NBA. O Brasil tem uma característica muito forte de jogo, que é o contra-ataque, a transição, e isso na minha cabeça é o basquete mais eficiente hoje em dia.
- Quando o senhor assumiu (em setembro de 2021), destacou o sentimento de vestir a amarelinha. De que maneira reforça isso para os convocados?
- O basquete sempre foi um esporte popular no Brasil e muito identificado com essa questão de determinação, raça, vontade, de sentimento por vestir a camisa da seleção. De uns tempos para cá, ao meu ver, ficou muito profissional, o mundo está assim. Não que eu seja contra, sou um dos caras mais profissionais do mundo. Acho que a seleção é um algo a mais, porque precisa querer estar na seleção, sentir orgulho de defender o País. Se não estivermos com esse sentimento aflorado, é melhor que a gente não esteja com a seleção. Precisamos estar com a seleção de corpo e alma, tentando retribuir um pouco de tudo que o basquete fez pela gente.
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