Os líderes mundiais estavam em constantes reuniões para encontrar meios que pudessem trazer o cessar-fogo e o retorno à normalidade no Oriente Médio, depois do ataque do grupo Hamas a Israel e a retaliação, que tem representado uma série de mortes de civis na Faixa de Gaza. No sábado, 14, no entanto, eles passaram a ter mais um motivo de preocupação na região. O Irã, de forma inédita, lançou centenas de drones em ofensiva ao solo israelense. Foi uma forma de revidar o ataque feito em outubro à embaixada iraniana, em Damasco, onde morreu um general do exército.
Agora, o mundo está atento à possível retaliação do governo de Benjamin Netanyahu, que pode elevar ainda mais a tensão no Oriente Médio e atrair grandes potências próximas a ambos os lados: Estados Unidos, que apoiam Israel; e desafetos dos norte-americanos, como a Rússia. O envolvimento de ambos, que ainda não teve qualquer indicativo, poderia representar a reedição de conflitos maiores, como os já registrados no passado.
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A professora do curso de Relações Internacionais da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Mariana Dalalana Corbellini, avaliou a situação em entrevista aos jornalistas Aline Silva e Leandro Porto, na Rádio Gazeta 107,9 FM. Reforçou que é uma atitude inédita pelo lado do Irã atacar diretamente o território israelense, o que é considerado uma agressão maior. “Podem associar ao artigo 51 da Carta das Nações Unidas, que trata sobre a legítima defesa”, alertou.
Esse seria só mais um argumento para a manutenção do conflito, que se iniciou em 1979, com a Revolução Islâmica no Irã. “Até então, era um aliado dos Estados Unidos, não se opondo à existência do Estado de Israel (definida em 1948 pela ONU). Com a reorientação interna, passou a ser opositor e de uma forma bastante ostensiva.”
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A partir disso, como os dois países destacam-se como potências regionais, em virtude de seus recursos militares e econômicos – e com visões de mundo bem distintas –, acabam balançando o equilíbrio da região em demonstrações de força.
Mariana destaca, porém, que essa movimentação pode ficar restrita ao ataque do Irã e aos discursos de ambos, sem uma evolução bélica maior. Um sinal disso é a negativa de apoio dos EUA para o contra-ataque israelense.
A disputa de poder entre Irã e Israel no Oriente Médio é histórica. A professora Mariana Corbellini diz que, no momento, há bastante divergência entre os analistas. “O que se imagina é que pode haver um escalonamento dentro da região; os Estados Unidos aparecem como apoiadores incondicionais de Israel, mas o presidente Joe Biden já comentou que a estratégia israelense não teria sido a mais adequada, quanto ao assunto Hamas”, frisa.
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Explica que a dinâmica adotada por Israel nos últimos anos tem sido a dissuasão, sem o emprego de grande força. Ou seja, deixou de agir no território do grande inimigo, na expectativa de que o Irã recue, principalmente, no apoio com armamentos a grupos terroristas e contrários a Israel, como Hamas e Hezbollah.
Apesar dos indicativos, não acredita em uma evolução, permanecendo a retórica. Para a ONU, o argumento do artigo 51, que vem sendo defendido pelos dois lados, está sendo aplicado de forma equivocada.
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Tradicionalmente, o Brasil não se envolve nos conflitos internacionais. A sua atuação fica restrita às tentativas de encontrar meios para que sejam encerrados de forma mais breve. Assim que foram divulgadas as informações sobre o ataque do Irã a Israel, a Força Aérea Brasileira (FAB) colocou aviões à disposição para eventual retirada de brasileiros da zona de conflito, como já foi feito na Faixa de Gaza.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o governo brasileiro condena qualquer ato de violência, referindo-se ao ataque do Irã contra Israel em resposta ao bombardeio da embaixada iraniana em Damasco, na Síria.
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“O Brasil condena sempre qualquer ato de violência e o Brasil conclama sempre ao entendimento entre as partes”, disse Vieira em resposta a um jornalista que questionava sobre o ataque do Irã. Ele foi cobrado por profissionais de imprensa em relação à nota do Itamaraty, publicada no último sábado.
O texto afirmou que o governo brasileiro acompanhava os relatos de envio de drones e mísseis do Irã para Israel “com grave preocupação”, apelando para que todas as partes envolvidas “exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada”.
A nota foi criticada por organizações israelenses no Brasil, como o Instituto Brasil-Israel. A organização afirmou que, enquanto a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos (OEA) se manifestaram de maneira firme, o Brasil “preferiu abdicar de uma posição firme, não condenou os ataques, não se solidarizou com as famílias israelenses e optou por dar margem para dúvidas sobre o que se passou na madrugada de sábado”.
Mauro Vieira informou que, no momento em que a nota foi produzida, ainda não estava evidente qual era a extensão do ataque iraniano contra Israel.
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A professora Mariana Dalalana Corbellini reforça que os impactos no Brasil são indiretos. “Qualquer instabilidade internacional traz instabilidade econômica, com relação à taxa de juros, elevação do dólar”, cita. Explica que a moeda norte-americana dispara, porque cria novo foco de instabilidade internacional, fazendo com que os investidores retirem investimentos de países em desenvolvimento, com maior risco.
Outra repercussão que pode ser sentida é a possibilidade de deslocamento humano. “Existe chance de o Brasil receber contingente de pessoas deslocadas por causa do conflito, mas seria uma sequência do que já está acontecendo em Gaza, sem grande volume”, explica. O preço dos combustíveis também pode ter mudança, haja vista tratar-se de uma região produtora mundial, mas qualquer instabilidade nesse aspecto seria momentânea.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou que Teerã responderá ferozmente à menor ação de Israel contra os seus interesses, após o ataque de sábado, contra o território israelense, em retaliação pelo bombardeio ao consulado iraniano em Damasco.
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O presidente norte-americano, Joe Biden, alertou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que os EUA não participarão de uma contraofensiva ao Irã. O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que os EUA continuarão a ajudar Israel a se defender, mas não querem a guerra.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que o governo brasileiro condena qualquer ato de violência. Mesmo com as reações de entidades judaicas, o governo brasileiro segue sem previsão de uma nova manifestação acerca do caso.
“Apelo urgentemente a que se ponha termo a todas as ações que possam alimentar uma espiral de violência com o risco de arrastar o Oriente Médio para um conflito ainda maior. Ninguém deve ameaçar a existência do outro”, disse o Papa Francisco.
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