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CRISE DIPLOMÁTICA

Tensão com Israel aumenta após declarações de Lula

Foto: Agência Brasil

As falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no domingo, resultaram em notas de repudio da comunidade judaica brasileira e entidades especializadas que trabalham com a memória do Holocausto. Lula também causou desconforto diplomático com Israel, que passou a considerá-lo persona non grata no país até se desculpar. O presidente brasileiro comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus feito pela Alemanha Nazista no regime de Adolf Hitler, de 1933 a 1945.

“O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula em coletiva de imprensa em Adis Abeba, Etiópia. O presidente também criticou Israel ao afirmar que Tel-Aviv não obedece a nenhuma decisão da ONU e afirmou que defende a criação de um Estado palestino. Para Lula, o conflito “não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, afirmou. “Não é uma guerra, é um genocídio”, completou.

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As comparações feitas por Lula foram apontadas como problemáticas em diferentes aspectos e tiveram rápida repercussão nos meios políticos. O presidente brasileiro tem emitido declarações sobre a guerra na Faixa de Gaza desde o inicio do conflito, mas elevou o tom das críticas em seu giro pela África, onde conversou com líderes importantes como o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, durante visita ao Cairo, e o primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP), Mohammad Shtayyeh, em Adis Abeba.

Após as comparações de Lula, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, foi simbólico ao escolher conversar com o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, no Yad Vashem, o Memorial do Holocausto em Jerusalém, ontem. Ao lado do embaixador brasileiro, Katz anunciou a notícia de que Lula não é bem-vindo no país.

Desde o início da guerra, a relação entre o governo Lula e Israel vem sendo marcada por diversas tensões, como quando o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, participou de uma reunião na Câmara dos Deputados em que o ex-presidente Jair Bolsonaro também compareceu. A demora pela liberação da saída de brasileiros que estavam na Faixa de Gaza também impactou a relação entre Brasília e Tel-Aviv. As relações entre Brasília e Tel-Aviv eram melhores no governo de Bolsonaro, que chegou a viajar a Israel. Netanyahu também viajou ao Brasil para participar da posse do ex-presidente em 2019.

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Fala é considerada ofensiva e atinge os judeus, diz entidade

Entidades especializadas em preservar a memória do Holocausto repudiaram as declarações do presidente. Em nota, o Museu do Holocausto do Brasil, com sede em Curitiba, destacou que existe uma seletividade cruel de se comparar Israel, Estado judeu criado em 1948 após o extermínio de 6 milhões de judeus no Holocausto, com o regime de Adolf Hitler. Para o museu, ao fazer essa declaração, Lula não atinge apenas Israel, mas todos os judeus.

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“Ao utilizar de forma deliberada a memória do Holocausto num viés deturpado e negacionista para criticar especificamente Israel (e nenhum outro país ou ator político, em qualquer outro contexto), o presidente opta por adotar um tom ofensivo contra seus concidadãos, judeus brasileiros”, aponta a entidade. Ao menos 120 mil brasileiros se identificam como judeus, segundo dados da Confederação Israelita Brasileira (Conib), a segunda maior comunidade judaica da América Latina, atrás apenas da Argentina.

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A nota divulgada no domingo destaca que o ato de criticar Israel nos mesmos termos em que se critica qualquer outro país não é antissemita. “Este não parece, entretanto, o método de análise e parecer do governo brasileiro e dos nomes que o circundam”, aponta o Museu do Holocausto.

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