Um dia após ser afastado da Câmara de Santa Cruz por uma liminar, o vereador André Scheibler (PSD) divulgou nota na qual afirma que tem a “consciência tranquila” e que vai provar a sua inocência.
A liminar foi concedida pela juíza substituta da 1ª Vara Criminal, Lísia Dorneles Dal Osto. Scheibler foi denunciado pelo Ministério Público de manter esquemas de “rachadinha” (exigência de salários de assessores) e “assessores fantasma” em seu gabinete.
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Além disso, ele responde pelo episódio em que veículos da Prefeitura foram flagrados pela Gazeta do Sul despejando uma carga de brita em um terreno de propriedade de familiares, em outubro do ano passado. Além dele, foram denunciadas outras cinco pessoas, incluindo a secretária municipal de Habitação, Aretusa Scheibler, esposa do parlamentar.
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Na nota, Scheibler destacou que, embora a Justiça criminal tenha acatado o afastamento, o mesmo pedido foi negado na esfera cível pelo juiz André Luis de Moraes Pinto. “De qualquer formar, por acreditar no Estado Democrático de Direito e nas suas instituições, trago comigo a convicção de que uma decisão judicial não deve ser comentada e sim cumprida e respeitada. Contra elas, no caso de discordância, o recurso é o único caminho”, diz o texto.
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Leia a nota na íntegra:
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Risco de cassação
Com a denúncia do MP, Scheibler fica sob risco de enfrentar um processo de cassação na Câmara, a exemplo do que ocorreu com Alceu Crestani (PSD) e Elo Schneiders (PSD). Procurado na noite de sexta-feira, o presidente do Legislativo, Elstor Desbessell (PL), confirmou que foi informado por telefone da decisão judicial e avaliou que isso representa “novamente um momento complicado” para o Poder.
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Desbessell disse ainda que considera “provável” um pedido de abertura de processo de cassação. Questionado se pretende tomar a iniciativa, na condição de presidente, alegou que primeiro precisa “tomar conhecimento de toda a acusação”.
QUATRO DENUNCIADOS EM UM ANO
Atualmente no quarto mandato na Câmara, André Scheibler tem ligações fortes com o interior. Costuma fazer votações expressivas em regiões como João Alves, Cerro Alegre Alto e Área Anexada. Em 2016, fez 1.963 votos e foi o sétimo mais votado. Elegeu-se pela primeira pelo PTB e foi secretário de Transportes no governo Kelly Moraes (PTB). Em 2014, ajudou a fundar o Solidariedade no município e juntou-se à base de Telmo Kirst, chegando a assumir a Secretaria de Obras. Há pouco mais de um mês, filiou-se ao PSD, partido do prefeito. Também foi três vezes presidente da Câmara.
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No início de março, foi sorteado para integrar a comissão que conduz o processo de cassação do mandato do vereador Elo Schneiders (PSD), que responde, dentre outros, por supostos esquemas de captação de salários. Nesta semana, Scheibler participou das primeiras audiências com inquirição de testemunhas.
Além de Scheibler e Schneiders, o MP já denunciou por “rachadinhas” Paulo Lersch – que está preso preventivamente desde junho e renunciou ao cargo na Câmara – e Alceu Crestani (PSDB).
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