Colunistas

Tempo de superação

Que a enchente deixou marcas difícies de serem esquecidas, todos sabemos. Foi, sem sombra de dúvidas, a maior e mais catastrófica situação vivenciada pelos gaúchos. Até então, se tinha como parâmetro grande cheia de 1941. Mas a partir de agora, teremos como referência a de 2024.

Em meio às inevitáveis comparações entre um fato e outro, com a situação um pouco mais estável chega o momento de olhar para tudo o que aconteceu e os desdobramentos deste episódio. Não apenas em relação aos dados quantificáveis, como número de vítimas e perdas econômicas ou as toneladas de doações e recursos que chegaram das mais variadas formas. Embora sejam questões importantes para dimensionar a tragédia e planejar ações voltadas à prevenção de outros casos, estas informações estão acompanhadas de algo que talvez seja difícil de medir: a dedicação de pessoas para levar suporte a outras pessoas. Em um cenário de tantos desafios, uma mão estendida e um abraço tiveram um valor incalculável.

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Voluntários ajudaram e seguem emprestando seu tempo para aliviar as dores, seja recolhendo entulho, removendo a lama ou escutando quem ainda precisa de ajuda. São gestos que fizeram e vão seguir fazendo a diferença para muitos. Todo o suporte foi e será bem-vindo.

E talvez o que se vê no dia a dia neste pós-enchente seja de certa forma reflexo desta corrente do bem que se formou. Quem foi atingido, começa a se reerguer com as naturais dificuldades que a tragédia trouxe. Mas também com a força de vontade de seguir adiante. Comércios reabrem, escolas voltam a funcionar e pontes voltam a reconectar cidades e regiões, demonstrando que nem tudo está perdido.

Entre tantos exemplos neste sentido, um foi tema de reportagem na Gazeta do Sul e no Portal Gaz no último fim de semana. Era a história do seu Loreno João Adelmo da Silva, de 77 anos. Ele, que perdeu a casa e todos os pertences, já estava quase sem esperanças de encontrar um objeto que tem um sentido especial em sua vida: a gaita que por muito tempo o acompanhou. O instrumento havia sido arrastado por 7 quilômetros na enchente do Arroio Taquari Mirim, em Venâncio Aires. Um grupo de voluntários se uniu e conseguiu consertar a gaita, que agora volta a trazer mais alegria para o aposentado.

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Outro episódio relevante sob o ponto de vista do engajamento foi o Old School Day realizado sábado, em Sinimbu. Além de todas as atrações já conhecidas, o evento, que já está consolidado em Santa Cruz do Sul, foi uma injeção de ânimo para os moradores e comerciantes do município neste momento em que é tempo de recomeçar.

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Dejair Machado de Oliveira é natural de Cachoeira do Sul (RS), onde iniciou a carreira jornalística em 2000, no Jornal O Correio, atuando nas editorias de geral, rural e política. Entre 2003 e 2005 respondeu pela edição geral do Jornal de Candelária, em Candelária, até transferir-se para a Gazeta do Sul onde teve passagem pelas editorias de geral, agronegócio, economia e política. Por cerca de uma década dedicou-se à produção e edição de conteúdo para os cadernos especiais da Gazeta do Sul atendendo clientes de segmentos como comércio, indústria e prestação de serviços. Atualmente, é editor-executivo da Gazeta do Sul, encarregado de projetos estratégicos na empresa, gestão de equipes e edição do jornal impresso diário. Além da carreira jornalística, é advogado inscrito na OAB/RS sob o número 127.203 e exerce a profissão em escritório atendendo casos na área Cível, Família, Imobiliária e Empresarial. É membro da Comissão Especial de Proteção de Dados e Privacidade da subseção da OAB de Santa Cruz do Sul, com trabalhos relacionados à Lei Geral de Proteção de Dados.

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