Registros oficiais certificam que a primeira Comunidade Evangélica em Santa Cruz foi fundada em 1855. A capela, concluída em 1858, era rústica e edificada em “pau-a-pique”. Ela surgiu a partir da religiosidade dos imigrantes alemães, que se reuniam em forma de comunidade nas suas próprias residências.
Outra questão importante para o surgimento dos primeiros templos foi o fato de as crianças, filhas desses colonos, estarem crescendo sem a existência de escolas que lhes proporcionassem formação básica. A solução estava na contratação de um pastor, que exerceria também a função de professor. Mas, para isso, seria necessária a construção de um local apropriado para tal, naquela época, uma igreja. Ao longo dos anos, várias igrejas foram erguidas no interior do município.
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Já a Comunidade Evangélica de Santa Cruz foi constituída em 2 de janeiro de 1862. Após a assembleia, iniciaram-se as tratativas para construção de um templo, que seria erguido em frente à atual Praça da Bandeira.
Passados alguns anos de sua conclusão, por volta de 1899, com a igreja precisando de reparos e de ampliação, após uma assembleia geral extraordinária decidiu-se pela construção de novo templo, em terreno na Rua Venâncio Aires, esquina com a Rua Sete de Setembro. No entanto, a espera foi longa. O lançamento da pedra angular aconteceu somente em 9 de julho de 1922 e sua inauguração ocorreu em 30 de novembro de 1924.
A festividade de inauguração iniciou na véspera, no dia 29, com recepção ao cônsul da Alemanha, visita ao intendente e visita à escola para formação de professores. No dia 30, sob o testemunho de mais de mil pessoas, anunciou-se o nome do novo templo – chamado de Gedächtniskirche (Igreja Memorial, traduzido do alemão).
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Durante aquele culto comemorativo, o pastor Lechler emocionou a todos com o seguinte sermão: “A comunidade lutou durante 75 anos para chegar onde hoje está. Os imigrantes idosos da Alemanha podem novamente frequentar o culto numa igreja condizente, após chegarem em um local onde havia somente o mato virgem. Isso reaviva a fé. Principalmente os jovens precisam agradecer por poderem ter uma igreja tão bonita”.
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Outros destaques da inauguração, em 30 de novembro de 1924, foram o Concerto de Música Sacra, cantado por um coro misto, e a apresentação de corais de Santa Cruz, Rio Pardinho, Vila Teresa e Ponte Rio Pardinho. A comemoração culminou com festa na Sociedade Ginástica, à noite, com homenagem ao cônsul alemão que havia chegado na antiga Estação Ferroviária somente para o evento de inauguração do novo templo.
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A confraternização esgotou sua lotação máxima. O cônsul, naquela oportunidade, fez agradecimento pelo que “a força alemã havia realizado em Santa Cruz e no Rio Grande do Sul”.
O extinto jornal Kolonie, em dezembro de 1924, traduziu o sentimento das pessoas na época, noticiando que “a Comunidade Evangélica de Santa Cruz conquistou a maior casa de Deus em todo o País”. De modo geral, a imponência do templo foi citada como motivo de orgulho para a comunidade que o construiu, bem como o fato de sua alta torre permitir que se avistasse as paisagens da Santa Cruz de 1924.
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Não faltaram elogios aos interiores, que foram classificados como ainda mais impressionantes. Também foi retratada a importância do compromisso assumido pela comunidade com a construção de seu templo, tendo sido bem-sucedida com a ajuda de muitas doações.
Orgulho
A rápida construção da igreja – durou em torno de dois anos e meio – foi um feito para uma época na qual o Brasil vivia em constantes revoluções. Em uma das tantas menções ao templo, ressaltaram-se as qualidades dos imigrantes alemães, observando que “o germanismo pode olhar com orgulho para esta igreja que foi construída por sua própria força”. O custo total da igreja foi de 190 contos e 900 mil réis.
Estilo arquitetônico
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O fato de o templo ter sido projetado aproximadamente 900 anos após o surgimento do estilo romântico classifica-o como neorromântico. A estrutura definida no interior da igreja de Santa Cruz é legível no exterior: os volumes se justapõem sem se fundir e as proporções da cabeceira são o elemento compositivo mais relevante da concepção arquitetônica. As plantas da obra demonstram a simplicidade como caráter dominante. Essa, aliás, é uma das características das igrejas desse estilo. Percebe-se, também, a limpeza e a clareza formais, que associam de maneira objetiva forma e função.
Fé e ação como marcas da comunidade
O aposentado e contador Rugard Henri Kanitz, 72 anos, está no seu terceiro mandato como presidente da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Santa Cruz – Centro. Reeleito para mais um período, ou seja, para seu quarto mandato, ficará no cargo até 31 de dezembro de 2026.
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Antes de ser presidente – pela primeira vez em 2010 –, Kanitz ocupou outras funções na diretoria. Pelo fato de sua mãe ser muito religiosa, lembra que igualmente teve participação assídua em outra congregação.
Ao longo desse período, teve a oportunidade de acompanhar diversas melhorias na comunidade e, sobretudo, de participar de momentos importantes como os 100 anos da inauguração do templo, que serão celebrados neste sábado. Para Kanitz, o significado do centenário é especial, principalmente por estar na presidência da comunidade em meio às comemorações desse marco histórico.
Na condição de presidente e membro da congregação, ele observa a importância de levar a palavra de Deus às pessoas e de ajudar a transformar vidas. “Queremos continuar sendo uma comunidade viva, na qual inúmeras mãos abertas se unem e fazem perceber a ação de Deus através da igreja”, ressalta.
No decorrer desses 100 anos, observa o presidente, muitas coisas aconteceram, motivo pelo qual se tem hoje o reconhecimento “dentro de toda a municipalidade”. Nesse sentido, acrescenta que “sua atenção desperta respeito e admiração de todos e que a fé e a ação são marcas importantes dessa comunidade”.
Dentre as principais ações do seu atual mandato, o presidente cita os investimentos feitos na colocação de 42 placas de energia solar e na instalação de climatizadores de ar no templo. Já para o ano que vem, o objetivo é fazer a reforma do pavilhão.
“A climatização do templo vai ser inaugurada durante o culto em comemoração ao centenário da igreja, que acontece neste sábado [hoje], às 20 horas”, disse ele. A celebração reunirá os membros, comunidade em geral, autoridades e contará ainda com a presença da presidente nacional da IECLB, a pastora Sílvia Beatrice Genz.
Além disso, Kanitz afirma que pretende seguir realizando um trabalho árduo, do ponto de vista espiritual, para que os integrantes se sintam chamados ao envolvimento comunitário. Dos setores e atividades que hoje se destacam na comunidade, o presidente cita os cultos dominicais, a Oase, o grupo de reflexão e oração, o grupo de visita, idosos, batismo com revelação, padrinhos e madrinhas de oração da comunidade, culto infantil e música.
Em breve, salienta ele, devem voltar à ativa o coral, o grupo da juventude e da Legião Evangélica Luterana (Lelut). A comunidade Evangélica Santa Cruz – Centro tem um total de 1.024 membros ativos e 2.001 dependentes.
Curiosidade
O símbolo da IECLB identifica os locais onde a igreja de confissão luterana está presente no Brasil.
Foi criado em 1969 para a 5a Assembleia da Federação Luterana Mundial, que deveria ter sido realizada em Porto Alegre, em 1970, mas foi transferida para Evian, na França. Desde 1972, passou a ser o símbolo oficial da IECLB.
A cruz colocada sobre o globo quer lembrar que Cristo é o Senhor do mundo, que está acima de tudo e de todos. Também demonstra que todos lhe devem obediência. A cruz vazia lembra que Cristo morreu por cada um de nós, mas está vivo e seus ensinamentos querem ser vividos no dia a dia. Já o globo mostra que os ensinamentos de Cristo devem ser divulgados em todos os lugares da Terra, que todos fazem parte deste mundo e são responsáveis pelo que acontece.
Além disso, o contorno imitando as colunas do Palácio da Alvorada, em Brasília, que envolve o globo e a cruz, aponta que a mensagem de Cristo quer ser vivida no Brasil e busca ajudar a enfrentar, diariamente, os problemas nacionais.
Fonte: site Portal Luterano
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