Apesar do aumento no número de casos suspeitos, a situação do coronavírus em Santa Cruz do Sul ainda é “confortável”, já que não há confirmações da doença até o momento. Essa é a avaliação do infectologista Marcelo Carneiro, para quem as medidas que foram adotadas nos últimos dias, que incluem a suspensão de aulas em praticamente todas as instituições de ensino do município, servem como preparação para o pico do surto, que deve ocorrer no mês que vem. “Temos que estar preparados para o pior”, disse.
Conforme Carneiro, tudo indica que abril será o período mais crítico da pandemia, inclusive em função da queda nas temperaturas. “O coronavírus vai se disseminar. Ele vai ficar sustentado – ou seja, pessoas que não viajaram para o exterior vão transmitir para outras que também não viajaram –, e o período para isso acontecer será nos próximos meses.”
Para o especialista, no entanto, isso não significa que o Brasil terá necessariamente que partir para soluções drásticas como o fechamento de fronteiras, assim como vem ocorrendo na União Europeia e até em países mais próximos, como a Argentina. Mas ele acredita que uma providência importante é reduzir as viagens internacionais, sobretudo para regiões onde a situação é mais grave. “O povo ainda está viajando. Estive no aeroporto de Porto Alegre e vi uma fila gigante de gente embarcando para Lisboa. É difícil tirar o direito de ir e vir das pessoas, mas o ideal seria não viajar”, observou. Uma das grandes preocupações, segundo ele, é em relação ao fluxo de voos internacionais para São Paulo.
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Embora não recrimine nenhuma das medidas anunciadas até agora, Carneiro admite considerar “bem precoce” a suspensão das aulas, já que crianças são menos afetadas pelo vírus e não há casos confirmados em âmbito local. Para ele, trata-se de uma conduta que possui um caráter mais “sociopolítico” do que propriamente médico. “Do ponto vista epidemiológico, talvez o momento não fosse bem esse. Não temos casos confirmados em Santa Cruz e muitos exames que foram feitos no Estado deram negativo. O que está acontecendo em São Paulo ou na Itália é diferente”, alertou. Como o surto ainda deve evoluir, é possível que as atividades nas escolas tenham que permanecer suspensas por mais tempo do que o previsto. Ainda segundo ele, não é recomendável que municípios menores reproduzam medidas como essa.
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O que é mais importante saber
Confira sete dicas essenciais do infectologista Marcelo Carneiro para lidar com o surto de coronavírus:
Aglomerações
Quem apresentar sintomas, deve deixar de ir trabalhar e não frequentar ambientes fechados com concentração de pessoas, como cinemas, shoppings e supermercados. Quem não tem sintomas, também deve evitar, dentro do possível, as aglomerações.
Em casa
Para quem tem sintomas e vai permanecer em casa, a orientação é manter os ambientes arejados e o ar-condicionado desligado. Também é necessário sempre lavar bem as mãos e evitar o compartilhamento de objetos, como talheres e louças. Se possível, é importante usar máscara para evitar a contaminação de familiares ou outros moradores da residência.
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Crianças
Crianças que apresentarem sintomas não devem ir à escola, caso as aulas não tenham sido suspensas.
Tratamento
Quem apresentar febre e sintomas respiratórios deve procurar atendimento médico para receber a indicação de medicamento para o influenza, já que ainda não existe para coronavírus.
Hospitais
Quem apresentar sintomas leves deve procurar uma unidade primária, como um posto de saúde ou a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Os hospitais devem ser buscados apenas em casos mais sérios e por pacientes com comorbidades. Além disso, quem está na faixa de risco não deve ser acompanhante ou fazer visitas a pessoas internadas em hospitais.
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Máscaras
Só devem ser utilizadas por quem tem sintomas e pelos profissionais de saúde. Para os demais, não há efeito.
Álcool gel
O produto pode ser utilizado sempre após algum contato físico com outra pessoa ou com alguma superfície – como maçanetas de portas, por exemplo. No entanto, só é necessário utilizar o álcool gel em locais onde não há acesso a torneiras. Em casa ou no trabalho, é suficiente lavar as mãos apenas com água e sabão.
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