Localidades originadas a partir da colonização alemã ao longo do século 19, como é o caso de Santa Cruz do Sul, comemoram neste sábado o Dia do Colono, em alusão à chegada das famílias de imigrantes, que, afinal, promoveram o primeiro impulso de desenvolvimento nessas áreas, em geral devolutas ou parcamente habitadas. Em paralelo, a data também celebra os Motoristas, irmanando nas comemorações dois atores fundamentais em realidade de Brasil, os descendentes dos primeiros colonizadores alemães e os responsáveis por transportar os insumos até os empreendimentos ou, mais adiante, os alimentos e as matérias-primas.
O que fica evidente, no Dia do Colono e do Motorista, é, mais uma vez, a inibição a festividades que impliquem em aglomeração de público. E é uma lástima, novamente, pois as festas e as quermesses associadas ao Dia do Colono e do Motorista, nas comunidades de origem germânica, estão entre os eventos mais animados nessas sociedades. Os diversos distritos de Santa Cruz do Sul, por exemplo, preparavam por dias os comes e bebes a serem servidos, bem como bandinhas e conjuntos animavam o público.
Se esse clima festivo fica em segundo plano neste atípico 2020, de pandemia e recolhimento, o que não pode passar despercebido são algumas das marcas atinentes à colonização, que, de certo modo, alemães dividem e compartilham com italianos, poloneses, russos, pomeranos e tantos outros povos que vieram formar o sul do Brasil.
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No caso dos alemães, valores e pilares sociais foram fundamentais para o rápido progresso, a ponto de projetar em questão de uma ou duas décadas as novas vilas ou localidades acima até de cidades ou municípios-mãe dos territórios que os imigrantes vieram ocupar. Educação, religiosidade, cooperação, leitura, fomento a artes e à expressão de dons individuais ou coletivos, como canto coral, esportes, literatura, música, entre outras; a pequena propriedade diversificada conduzida com mão de obra familiar, o empreendedorismo decorrente da industrialização dos excedentes dessa produção, habilidades e técnicas em espírito comunitário, que inspiraram a abrir estradas, construir escolas e igrejas, zelar por cemitérios e a se auxiliar mutuamente no preparo da terra, no plantio, nos tratos culturais e na colheita, em tudo estava a marca da união. Juntas, unidas, determinadas, as famílias cresceram, e assim cresceram as vilas, as cidades, as regiões, e logo o Estado e o País.
Se nesse exemplo não temos algo a aprender, nesse tempo de pandemia, então nada mais haveria a fazer. Nos primórdios, e sem os recursos de tecnologia de que hoje dispomos, eles conseguiram. Tanto conseguiram que estamos todos aqui. Só faltaria agora nós não conseguirmos, ou não sermos capazes, não é mesmo? De certo modo, temos essa dívida para com eles, cujo benefício será nosso e de todos os que herdarão o mundo que agora estamos construindo.
Bom final de semana de Dia do Colono e do Motorista!
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