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Telmo Kirst: proximidade com a política nasceu na infância

A intimidade do prefeito de Santa Cruz do Sul, Telmo Kirst, que morreu na noite deste domingo, 20, aos 76 anos, com o mundo político vinha quase de berço. O pai era membro do diretório do PSD e amigo de figuras importantes da vida pública santa-cruzense em meados do séculos passado, como Willy Carlos Frohlich e Euclydes Kliemann. Cresceu na Rua Gaspar Silveira Martins, em uma casa próxima ao Estádio dos Plátanos, onde também funcionava o negócio da família: um armazém que ficou famoso por ter adquirido a primeira geladeira comercial da cidade. A mãe cuidava dos três filhos – Telmo era o caçula.

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O espírito de liderança começou a ser notado quando ainda era estudante do Colégio São Luís e dirigiu o Grêmio Estudantil. Depois, foi presidente do Diretório Acadêmico da faculdade de Direito. Em 1972, com menos de 30 anos, elegeu-se vereador pela primeira vez. “Diga-se de passagem, sem remuneração. Era preciso ter um ideal para enfrentar uma candidatura. O objetivo único era colaborar”, disse, em entrevista à Gazeta do Sul durante a campanha de 2016.

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No total, foram 11 campanhas. A maior votação que obteve foi em 1998, quando recebeu 109,3 mil votos para deputado federal e esteve entre os cinco mais votados. Para ele, tratava-se de um talento nato. “Muitas pessoas jogam tênis, mas algumas se sobressaem. Tem que ter um dom, sim”, dizia.

AS CAMPANHAS DE TELMO

Ano Partido Cargo Votos
1972 Arena Vereador 1.437
1976 Arena Vereador 1.246
1978 Arena Deputado federal 25.437*
1982 PDS Deputado federal 48.038
1986 PDS Deputado federal 67.194
1990 PDS Deputado federal 42.983
1994 PPR Deputado federal 44.421
1998 PPB Deputado federal 109.371
2002 PPB Deputado estadual 34.828*
2012 PP Prefeito 40.614
2016 PP Prefeito 42.158
*Ficou como suplente, mas assumiu a cadeira no lugar do titular.
Fontes: Base de dados eleitorais da Unisc e TRE-RS

No Congresso, assinou a Constituição e votou pelo impeachment

Sete anos depois de estrear na Câmara de Vereadores, interrompeu o segundo mandato na Câmara para migrar ao Congresso Nacional, onde permaneceu por mais de duas décadas, integrou a Assembleia Nacional Constituinte de 1987 e participou de votações decisivas para o futuro do país, como impeachment de Fernando Collor – na qual votou “sim”. Em entrevista à Gazeta do Sul em 2015, Telmo contou que, dias antes de ser apresentado o relatório da CPI instalada para apurar as denúncias contra o então presidente, Collor ligou para seu gabinete para pedir apoio.

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Durante um período, Telmo dividiu-se entre deputado federal e vice-prefeito de Arno Frantz, um de seus aliados mais próximos. Além disso, por duas ocasiões trocou o Legislativo pelo Executivo: foi secretário estadual de Transportes no governo Jair Soares (na década de 80) e secretário de Obras Públicas no governo Antônio Brito (na década de 90). No início dos anos 2000, ainda teve uma passagem pela Assembleia Legislativa. 

Antes de voltar à política municipal e ao PP (depois de alguns anos filiado ao PMDB), presidiu a Corsan no governo Rigotto e a CRM no governo Yeda Crusius. Em 2012, garantiu ao PP uma vitória para a Prefeitura, o que não acontecia desde 1992.

Lago Dourado: a menina dos olhos de Telmo

De todos os projetos que passaram pelas mãos de Telmo, o seu “xodó” sempre foi o Lago Dourado, reservatório artificial em forma de peixe que “blindou” Santa Cruz contra extensos períodos de estiagem e que dificilmente deixava de ser citado por ele em qualquer conversa mais longa. Na década de 1990, já era latente em Santa Cruz a preocupação com o futuro do abastecimento na cidade. Constatava-se que, em pouco tempo, o Rio Pardinho não comportaria mais a demanda de consumo da população.

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A ideia de que o município poderia dispor de um grande reservatório para garantir o fornecimento em períodos de seca partiu do empresário, ex-vereador e ex-vice-prefeito Normélio Boettcher, mas coube a Telmo, enquanto secretário estadual de Obras Públicas, começar a tirar o projeto do papel. A inauguração ocorreu em setembro de 2000, com a presença do então governador Olívio Dutra (PT).

Construído na várzea do Rio Pardinho, o complexo tem, ao todo, 228,4 hectares. Apenas o espelho d’água conta com 120 hectares. O entorno, de aproximadamente 6 quilômetros de extensão, tornou-se um dos pontos preferidos da comunidade para a prática de exercícios físicos, sobretudo após a chegada de Telmo à Prefeitura, com uma série de melhorias realizadas no local.

Telmo, porém, não conseguiu assistir à conclusão de um de seus grandes sonhos: o de implantar um grande complexo turístico junto ao lago, que incluía duplicação da pista, com implantação de faixas exclusivas para bicicletas e pedestres, além de um canteiro central e áreas para descanso com bancos e bebedouros. Para o futuro, estão previstas a implantação de espaços de lazer, com quadras esportivas quiosques e playground.

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Também passaram pelas mãos de Telmo obras como as pavimentações da RSC–287 (entre Santa Cruz e Santa Maria),  da BR–471 (entre Santa Cruz e Pantano Grande), da ERS–400 (entre Candelária e Sobradinho) e da RSC–453 (entre Venâncio Aires e Lajeado), além do asfaltamento das vias laterais do Distrito Industrial e do Aeroporto Luiz Beck da Silva.

Veja alguns dos principais projetos de Telmo Kirst

Vista panorâmica do Lago Dourado, menina dos olhos de Telmo Kirst
Prefeito Telmo Kirst e lideranças políticas na inauguração do Lago Dourado, em 2000
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