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Tecnologia produz resultados de excelência e garante maiores ganhos à cadeia leiteira

Falar de tecnologia na cadeia leiteira remete aos equipamentos utilizados no processo produtivo, que permitem maior comodidade para o produtor e agilidade, por exemplo, na captação. É o caso das famosas ordenhas robôs, que demandam investimento milionário, antes de apresentar toda a efetividade de seu desempenho. Os integrantes do setor precisam, no entanto, mais do que agilidade no dia a dia. É fundamental rever passos para que o custo seja menor, o processo mais rápido e os resultados mais efetivos, assim como ocorre nas empresas.

Entre os desafios da cadeia leiteira está tornar a produção nacional mais barata e com qualidade, como forma de minimizar os efeitos do ingresso de produtos de outros países, sobretudo dos vizinhos do Mercosul, que conseguem produzir mais por menos. “Os produtores aproximam-se da nova realidade, conquistando melhores resultados e maior ganho, que também repercutem na indústria”, diz o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS), Darlan Palharini.

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Essa nova realidade citada por Palharini pode estar mais na parte burocrática da gestão da propriedade do que no ato de captar e no volume. O desafio, afirma Alexandre Pedroso, da Plentoous Consultoria Agropecuária, é lidar com os dados de maneira que possa ser feito o manejo, garantida a saúde e a eficiência produtiva. Isso pode ser realizado por meio de parceria com integradoras, como a CCGL, que disponibiliza iniciativas em tecnologia para buscar melhores resultados aos integrados, garantiu o presidente da empresa e diretor do Sindilat-RS, Caio Vianna, em evento durante a Expodireto Cotrijal 2024, em Não-me-Toque.

O Vale do Rio Pardo não tem tradição em quantidade de produção leiteira, mas os criadores têm conseguido, a partir do uso de ferramentas como aplicativos de gestão, melhores desempenhos com a antecipação de etapas, o que agiliza prazos para a condição de lactante da bovina leiteira. Exemplos são as granjas Gass e Fritzen, de Santa Cruz do Sul.

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Antecipação do parto nas propriedades da região

Médico-veterinário, Ronaldo Luís Pagliarini presta assessoria para propriedades focadas na cadeia produtiva do leite no Vale do Rio Pardo. Percebeu que, mesmo com a instalação de equipamentos mais modernos, como ordenhas robôs ou algo semelhante, seus assessorados ainda usavam como mecanismo de controle na gestão da propriedade a memória ou anotações em cadernos, que se perdiam ou estavam distantes quando as informações eram necessárias.

“Tive a percepção de que era preciso uma nova forma de gestão dos rebanhos em 2016, quando prestei consultoria em propriedades nas quais os responsáveis tinham orgulho de ter as informações do rebanho organizadas, mas a rotina de anotar era trabalhosa e exigia muito tempo no dia a dia”, recorda. A partir disso, Pagliarini elaborou o aplicativo Gestor RP para fazer esse trabalho de cadastramento no celular, mesmo quando ele não está com acesso à internet. A primeira versão surgiu em 2018 e passou a ter aceitação considerada excelente. “Perceberam o quanto facilitava a rotina atualizar as informações do rebanho de forma fácil e prática, e poder consultar esses dados instantaneamente para tomar as decisões”, recorda.

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Os aplicativos de gestão, como o Gestor RP, permitem o cadastramento de dados do rebanho, o que possibilita gerenciar a estrutura com melhor manejo e mais tempo para focar questões relevantes. Na prática, contabiliza respostas positivas, como o caso das granjas Gass e Fritzen, de Santa Cruz do Sul. Na primeira, comemora Pagliarini, a idade média do primeiro parto das novilhas está em 23 meses. “É um resultado de excelência no setor de criação”, afirma.

Na propriedade dos Fritzen, conseguiu-se diminuição em dois meses na idade do primeiro parto. A identificação de quanto reduzia a taxa de concepção no verão gerou ações corretivas para ter, na estação mais quente do ano, o mesmo indicador do inverno, configurando-se em um novo uso das informações anotadas no sistema do aplicativo. Este armazena de forma sigilosa, disponibilizando os dados zootécnicos do rebanho e os principais indicadores de forma atualizada.

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Um dos pontos positivos na uso dos aplicativos é a sua facilidade em colocar em prática as ações e o custo reduzido, sem a demanda de grande estrutura. No caso do Gestor RP, não há taxa de adesão, nem contrato de fidelidade. O pagamento é feito todos os meses, de acordo com o tamanho do rebanho observado pelo produtor. Este pode implantar ferramentas de ESG, com iniciativas nas áreas sociais, ambientais e de governança da propriedade, com mais qualidade, custo menor e, por consequência, ampliação na competitividade com o produto de outros lugares, em especial os importados dos países do Mercosul.

Até a gestão

Os caminhos de aprimoramento teconológico das propriedades rurais focadas na cadeia leiteira começaram com cuidados com o bem-estar animal, a partir da estrutura física e o menor contato possível com o modelo antigo, em que as vacas eram criadas soltas no campo. O confinamento em área coberta, com rações mais estruturadas para ampliar a lactação, passou a receber os robôs para captação e até orientação das bovinas sobre o momento em que devem estar prontas.

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Agora, o foco é na profissionalização da propriedade. Isso faz com que sejam implantadas ferramentas de gestão peculiares de outros setores, como as indústrias: maior utilização da capacidade instalada; etapas do processo mais rápidas e, por consequência, econômicas; e medidas pontuais, que evitam desgaste de energia do produtor e dos animais.

Davi Gass pode comemorar a adoção do aplicativo de gestão, além de outros equipamentos que deram maior dinâmica na propriedade. Há 20 anos na atividade leiteira, tem em média 70 vacas em ordenha, levando-se em consideração que possui de 130 a 140 animais na granja. “A propriedade divide-se em duas fases: a de antes e a de depois do aplicativo”, afirma, ao explicar que a todo momento toma decisão de acordo com os dados salvos. “Hoje, sem o aplicativo seria difícil trabalhar.”

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Gass diz que o setor continua a produzir por “amor à camiseta”, pois em 2022 chegou a ganhar R$ 1,20 a mais por litro – isso levando-se em conta o fato de que houve pequena elevação, pois chegou a estar R$ 1,45 a menos em 2023 ante o ano anterior.

A percepção de que o valor deveria estar mais compensador é compartilhada por Guilherme Fritzen. Entende que o leite está muito abaixo do que espera, sobretudo porque o custo da produção, mesmo com mecanismos tecnológicos, não teve queda semelhante ao que é pago pelo litro. “Está vindo muito leite de fora, de quem consegue produzir mais barato e nos prejudica, pois nosso custo é mais alto e temos que entregar bem abaixo do que precisava ser.”

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A vinda de produto de outros locais, segundo Fritzen, torna ainda mais importante ter uma apuração de dados precisa, que faça com que a margem de lucro seja recuperada por ações inovadoras no processo, a partir de dados como inseminações, partos, produção e a geração de gráficos que podem ser analisados.

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Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

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