Mesmo com a inflação recente um pouco mais alta, o Banco Central voltou a cortar os juros no Brasil. A instituição reduziu na noite de ontem a Selic (a taxa básica da economia) em 0,50 ponto porcentual, de 5% para 4,5% ao ano. Foi o quarto ajuste consecutivo e, com isso, a Selic atingiu um novo piso histórico. Em sua decisão, porém, o BC não se comprometeu a seguir com a mesma prática no início de 2020.
Com a Selic nesse patamar, o Brasil deixou de aparecer, pela primeira vez, entre os dez países com as maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do mundo. Levantamento do site MoneYou e da Infinity Asset mostra que o juro real do País, de 0,64%, é agora o 11º maior entre as 40 economias mais relevantes do planeta. No topo do ranking estão o México (3,23%), a Turquia (2,85%) e a Índia (2,54%).
Em mensagem postada no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a nova taxa é “suficientemente baixa para continuar impulsionando o crescimento do Brasil”. “Essa é a menor taxa de nossa história. Com esses porcentuais, economizaremos, a título de juros, aproximadamente R$ 110 bilhões em 2020”, acrescentou.
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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) – formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelos oito diretores da autarquia – era largamente esperada. Em comunicado, o Banco Central afirmou que a atividade econômica, a partir do segundo trimestre deste ano, ganhou tração no Brasil. Ao mesmo tempo, salientou que essa recuperação seguirá em ritmo gradual.
Em um contexto de inflação um pouco mais elevada em 2019 e recuperação da atividade econômica, o Copom também decidiu ser cauteloso em relação aos seus próximos passos. Ao contrário do que ocorreu em decisões anteriores, o colegiado não se comprometeu desta vez com novos cortes de juros. Entre os economistas, o cenário também é de incerteza quanto aos rumos da taxa. Em um ponto, porém, há convergência: os sucessivos ajustes podem ser interpretados como um sinal de recuperação da atividade econômica no Brasil.
Na prática
A taxa básica de juros é usada nos negócios com títulos públicos registrados no sistema especial de liquidação e custódia (Selic). Ela serve de referência para as demais taxas de juros praticadas pelo mercado financeiro, como nos contratos de crédito bancário tanto para pessoa física como empresas.
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No caso dos fundos de renda fixa, como é o caso da caderneta de poupança ou dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), a queda nos juros acaba derrubando a remuneração aos investidores. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a poupança terá retorno inferior à inflação.
A redução da Selic, por outro lado, estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC projetava expansão da economia de 0,9% para este ano e de 1,8% em 2020. Novas projeções serão divulgadas no próximo dia 19, na edição de dezembro do relatório. As estimativas do mercado estão mais otimistas, depois do aquecimento econômico registrado no terceiro trimestre. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos preveem crescimento de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) em 2019.
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