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Tangos, carnavais e outras aventuras

Um dos meus filhos, o Rafael, sempre me disse que gostaria que voltassem os tempos de jogar futebol de campo e de bailes de se dançar juntinho. Lamenta até hoje nunca ter ido num baile de gala e que não há mais como juntar 22 para uma pelada de futebol de verdade.

Pois é, o progresso reduziu os atletas de fim de semana à modalidade futsal e o society. E homem dançar com mulher virou caretice. A começar que as festas começam às 2 da manhã e a turma fica galopeando e se retorcendo, cada um na sua.

Fazer o que… Esses dias, no Canal Cult, passou o filme Melancholia. As cenas do baile de casamento, todo mundo vestido a rigor e dançando junto, são lindas. Aliás, na Europa, é comum os adolescentes irem a escolas de dança. Em matéria de dança eu sempre fui um coreógrafo fraco, se bem que muito mal- intencionado.

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Mas o que queria contar é que lá por l985 fui com uma turma de juízes e promotores a Buenos Aires. Jantamos no bairro La Recoleta e depois fui com um amigo na Calle Florida. Tinha uma casa de tangos chamada Volver. Subimos uma escada e demos com um ambiente “a media luz”, com tudo enfumaçado de tanto cigarro.

Agora vem o incrível. O salão estava repartido: homens para um lado, mulheres para outro. Perguntei a um senhor do meu lado: como se fazia para “tirar” uma muchacha para bailar? Ele me explicou que eu deveria olhar fixamente para aquela que me agradasse, “hacerle un cabeceo” e se ela respondesse com um meneio, estava feito o brique.

Fiz tudo certo e a “morocha” me indagou:
Como te llamas, rubiezito?
Ruy, respondi.
– Ah, Ruyz? Que hermoso, encantada, Mabel! – falou ela.

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Pois ela se atirou em mim, me enlaçou pela cabeça, tronco e membros e saiu dando pinote e “retruques” para lá e para cá, tinha uma saia com fenda, levantava a perna, enroscava em mim e eu me sentindo como um terneiro enrolado pela sucuri e me condenando por não ter perguntado “como hacer para salir”.

Como tinha tomado uns goles antes, fiquei com medo de cair e fazer um fiasco. Ia fingir uma tosse repentina e compulsiva e sair campo, digo, porta afora, mas ela, desolada com minha absoluta inépcia para esses meneios que beiravam às primícias do jogo genésico, me dispensou mal terminada a “marca”.

– Perdón, nene, sos muy guapo, pero tengo más que hacer.

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Terminou aí minha carreira de tangueiro.

Gostava bem mais dos bailes do Clube União, com a Orquestra Cassino. Se bem que para as gurias deixarem dançar de rosto colado era uma missa. (Matéria de 13 anos atrás, agora com mudanças).

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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