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Taleban toma o poder no Afeganistão, após saída de tropas americanas; entenda

Soldados americanos, que controlavam o embarque, dispararam contra a multidão

Milhares de pessoas desesperadas tentaram fugir nessa segunda-feira, 16, do Afeganistão tomado pelo Taleban. Cenas caóticas no aeroporto de Cabul mostraram afegãos agarrados a aeronaves em movimento e alguns caindo para a morte de um avião após a decolagem. Soldados americanos, que controlavam o embarque, dispararam contra a multidão. Pelo menos sete morreram. Pressionado, o presidente dos EUA, Joe Biden, defendeu sua decisão de retirar as tropas do país.

“Mantenho minha decisão”, afirmou. Biden apontou o dedo para todos os lados. Creditou a Donald Trump o fato de o Taleban estar mais forte e culpou o governo do presidente afegão, Ashraf Ghani, por abandonar o país. “Os líderes fugiram e o Exército entrou em colapso sem luta. Depois de 20 anos, aprendi da maneira mais difícil que nunca é um bom momento para retirar as forças americanas. É por isso que ainda estamos lá.”

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Nessa segunda, no primeiro dia de comando do Taleban, a mudança no Afeganistão estava nos detalhes. Na TV, noticiários e novelas da Índia e da Turquia deram lugar à programação religiosa sem propagandas. A maior parte do comércio não funcionou. Bancos e escritórios do governo ficaram vazios. Embora o Taleban tenha incentivado as pessoas a voltar à vida normal, apenas algumas padarias, mercearias e restaurantes abriram as portas.

Nas ruas de Cabul, combatentes do Taleban cruzavam em picapes tremulando a bandeira branca do grupo. Alguns montaram postos de controle, outros posaram para fotos nos pontos mais conhecidos da capital. Milicianos fizeram uma blitz para coletar armas de seguranças particulares e muitos comemoraram a vitória diante do prédio abandonado da embaixada dos EUA. Alguns líderes – ansiosos para projetar a imagem de um governo funcional – visitaram hospitais e a companhia nacional de energia elétrica.

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“A guerra acabou no Afeganistão”, disse Mohamed Naeem, um dos porta-vozes do Taleban, em entrevista à TV Al-Jazira. De acordo com ele, o tipo de governo e a forma de regime serão definidos em breve. Naeem disse que o grupo respeita os direitos humanos e a liberdade de expressão, mas dentro da sharia (lei islâmica).

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Um líder do Taleban, que pediu para não ser identificado, disse que é cedo para dizer como o grupo insurgente governará. “Queremos que todas as forças estrangeiras partam antes de começarmos a reestruturar o governo”, disse. Segundo ele, os combatentes do Taleban em Cabul foram orientados a não assustar os civis e permitir que a população retome suas atividades normais.

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O medo da maioria dos afegãos é o Taleban enviar o Afeganistão de volta no tempo. Quando governou o país, de 1996 a 2001, não havia espaço para a diversão. A dança e a música eram consideradas criações do demônio. Aparelhos de som e de TV foram colocados na clandestinidade. Não era permitido soltar pipa, nem jogar xadrez. Bonecas, fotografias e animais de pelúcia também eram proibidos. A única forma de lazer era assistir às execuções públicas em estádios de futebol.

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Para muitos, a invasão americana foi um alento, mas a trégua durou menos de 20 anos e os sonhos acabaram bem mais cedo que os EUA esperavam. Até semana passada, o Departamento de Estado rejeitava a ideia de fechar a embaixada em Cabul e defendia que a tomada da capital pelo Taleban poderia levar meses. Segunda, Biden admitiu que a situação “se deteriorou mais rapidamente do que o previsto”.

“Não fomos ao Afeganistão para formar uma democracia”, disse o presidente americano. “As tropas americanas não podem e não devem lutar em uma guerra e morrer em uma guerra que as forças afegãs não estão dispostas a lutar por si mesmas. Gastamos mais de US$ 1 trilhão. Treinamos e equipamos uma força militar afegã maior do que os militares de muitos de nossos aliados da Otan. Demos a eles todas as ferramentas de que eles poderiam precisar.”

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