O memorial chamado Taj Mahal, na cidade de Agra, a cerca de 220 quilômetros de Nova Délhi, a capital da Índia, praticamente escapa a definições e é igualmente difícil de ser assimilado. Não por acaso, há quase quatro séculos desde o momento em que foi construído, paira icônico como uma das maravilhas do mundo. E, ao mesmo tempo, como a celebração de um amor, sendo uma das mais extravagantes declarações de um sentimento de afeição já feitas.
No caso, é a concretização do desejo do imperador mogol Shal Jahan, determinado a expressar, em memória, o quanto sentia a falta de sua amada Mumtaz Mahal, que morrera dando à luz o 14º filho do casal. Tudo em torno da decisão de erguer esse memorial é um tanto dramático: desde a complexidade do projeto em si até o dispêndio realizado às custas do reino, até o clímax da forma como o próprio imperador acabou seus dias.
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Se o Taj Mahal paira como um símbolo de um tempo, e de um suposto amor, a tentativa de assimilar ou compreender a sociedade da época e as motivações para a sua construção era um desafio árduo. Afinal, quem visita esse local, na Agra contemporânea, depara-se com um ponto turístico envolvido em um turbilhão, dada a efervescência que cerca o mausoléu.
Em 2016, tive a possibilidade de conhecer esse espaço: após uma viagem de cerca de duas horas e meia a partir de Greater Noida, cidade metropolitana de Nova Délhi, deparei-me com um prédio que escapa a qualquer definição. Não apenas pelo gigantismo das dimensões do local, entre construções e jardins, às margens do Rio Jamuna, mas pela compreensão de que tudo aquilo tivera como única preocupação expressar o amor (terreno) de uma única pessoa por outra pessoa. Toda a motivação era individual, e para tanto se mobilizara um reino inteiro.
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Agora, chega às livrarias brasileiras um livro que, finalmente, nos ajuda a tentar dimensionar o que aquele empreendimento significou (e talvez ainda signifique). Branca é a cor do luto: a construção do Taj Mahal e o declínio de um império, dos escritores e pesquisadores Diana Preston e Michael Preston, chega sob o selo da Record, com tradução de Rodrigo José Oliveira Peixoto, em 294 páginas, a R$ 79,90.
Esse declínio a que o subtítulo remete está diretamente relacionado ao dispêndio e ao empenho de energia que todo o reino Mogol teve de fazer para erguer o memorial. Shah Jahan não poupou esforços para finalizar a obra. No fim, além da amada, perdeu também o trono e foi tornado prisioneiro no forte de Agra, de onde, como único consolo, podia olhar, por uma pequena janela, para o Taj Mahal.
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O mausoléu erguido ao custo de um reino
O livro que a Record agora disponibiliza nas livrarias, de autoria de Diana Preston e Michael Preston, oferece um detalhado contexto da importância do Taj Mahal para a cultura indiana e para toda a Ásia. Construído entre 1632 e 1653, o mausoléu de Agra é considerado a maior prova de amor alguma vez já idealizada e concretizada no mundo.
Na prática, os cálculos estimados são de que 20 mil homens foram necessários para construir o memorial, erguido em favor da esposa favorita do imperador mogol Shah Jahan, Aryumand Banu Began, conhecida como Mumtaz Mahal, isto é, a joia do palácio. Ela acabou morrendo ao dar à luz o 14º filho do casal. Foi projetado para ficar por cima do túmulo de Mumtaz, às margens do Rio Yamuna, ou Jamuna.
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Os projetistas não pouparam nem recursos nem ousadia ao dimensionar todo o complexo. Em suas paredes estão incrustadas uma profusão de pedras precisosas, com destaque para o lápis-lazúli, enquanto a cúpula é costurada com fios de ouro, aliás usado com fartura em todos os ambientes. O edifício tem em seus lados duas mesquitas, e quatro minaretes o demarcam.
No final das contas, nem foi o próprio imperador quem concluiu esse complexo em homenagem à amada. Quando a obra seguia para os arremates, por volta de 1657, ele ficou doente e seus filhos Xá Xuja, Murad e Aurangzeb assumiram partes do reino. Foi este último que, com o pai já afastado do poder, aprisionou-o, mas permitiu que seguisse vendo o Taj Mahal de sua cela, do outro lado do Rio Jamuna. E foi Aurangzeb quem, após a morte do pai, inclusive providenciou o seu sepultamento em 1666, ao lado da esposa amada, no Taj Mahal.
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Essa sepultura, por sinal, é tida como a única ruptura em toda a perfeita simetria que guiou a construção do memorial inteiro, pois não estava programada no projeto original. A quem visita o local, os jardins que cercam todo o complexo são uma atração à parte, assim como os edifícios secundários, como a Dar-waza (recepção) de acesso e as mesquitas.
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