Com embarques represados devido ao atraso no ciclo das usinas no ano passado e a retomada das vendas para a China, o setor de tabaco assumiu a frente das exportações do agronegócio gaúcho no primeiro trimestre de 2021. Confirmando as expectativas de crescimento nas vendas externas este ano, as indústrias fumageiras comercializaram mais de US$ 359 milhões entre janeiro e março, 27% a mais do que no mesmo período de 2020.
Os dados foram divulgados nessa quarta-feira, 12, pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE). Do total exportado pelo setor em valor, cerca de 91% corresponde a tabaco não manufaturado – sobretudo tabaco em folhas, mas também os chamados desperdícios (talos). O restante são os produtos fumígenos, como cigarros e charutos. Os números mostram que houve um crescimento também no volume exportado e no preço médio. Com isso, o tabaco ampliou a sua participação na pauta de exportações agrícolas do Rio Grande do Sul de 15%, no primeiro trimestre do ano passado para 18% este ano.
De acordo com Sérgio Leusing Jr., um dos responsáveis pelo estudo, o fenômeno está relacionado ao alongamento do período de processamento de tabaco nas empresas, causado tanto pela estiagem, que atrasou a colheita nas lavouras, quanto pela pandemia, em função das restrições de ocupação nas fábricas. Em função disso, parte das cargas adquiridas no ano passado foram embarcadas apenas este ano. “Foi um primeiro trimestre atípico para o setor. Geralmente, as exportações se concentram mais no segundo semestre”, observou o pesquisador, em entrevista à Rádio Gazeta.
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Outro fator que explica o crescimento envolve as exportações para a China, segundo maior mercado do tabaco gaúcho, atrás apenas da União Europeia. Enquanto no ano passado o país asiático praticamente zerou as importações em razão do coronavírus, nos primeiros três meses deste ano os embarques somaram mais de US$ 118 milhões e responderam por quase um terço das vendas totais no setor.
No mês passado, o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) projetou um crescimento de até 6% no volume e de até 10% no valor das exportações este ano. O estudo do DEE também apontou, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), uma variação positiva na empregabilidade nas indústrias no primeiro trimestre.
Números confirmam tendência de melhora
No geral, as exportações agrícolas no Estado cresceram 8,4% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Além do tabaco, o setor de carnes ajudou a alavancar o desempenho, com um acréscimo de US$ 59 milhões nas vendas externas. O segmento, que é o principal empregador do agronegócio do Rio Grande do Sul, vem sendo beneficiado desde 2019, quando a China, diante do surto de peste suína africana, elevou as importações. Essa forte demanda externa deve se manter pelos próximos meses.
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Mas a soja, apesar da expectativa de safra recorde para este ano, teve uma queda de mais de US$ 80,8 milhões nos embarques. Conforme o pesquisador Sérgio Leusin Jr., as vendas da oleaginosa para o mercado externo nos primeiros meses do ano envolvem os chamados estoques de passagem. Como a última safra foi menor em função da estiagem, quase a totalidade do produto colhido foi embarcada ainda no ano passado.
De acordo com Leusin, os números confirmam a tendência de um bom resultado nas exportações do segmento este ano. “Para um primeiro trimestre, foi inesperado. É uma injeção de ânimo”, analisou.
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Dentre os compradores dos produtos gaúchos, a União Europeia teve o maior crescimento nos embarques, sobretudo em tabaco em folhas e em farelo de soja, enquanto a Arábia Saudita elevou a demanda por carne de frango. Ambos os países tiveram uma queda acentuada na participação no ano passado, o que significa que as vendas retornaram aos níveis pré-pandemia. Embora tenha reduzido a sua participação, a China continua como maior comprador, respondendo por 23% da pauta.
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OS NÚMEROS
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US$ 359 milhões é o que somaram as exportações de tabaco no primeiro trimestre
18% foi a participação do setor nas exportações do agronegócio gaúcho
27% foi a variação no valor exportado em relação a 2020
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21,1% foi a variação no volume exportado em relação a 2020
4,9% foi a variação no preço médio em relação a 2020
Os principais destinos
União Europeia – 32,9%
China – 28,9%
Estados Unidos – 5,1%
Paraguai – 3,8%
Emirados Árabes Unidos – 3,8%
Ano a ano (primeiro trimestre)
2016 – US$ 287 milhões
2017 – US$ 178 milhões
2018 – US$ 361 milhões
2019 – US$ 465 milhões
2020 – US$ 282 milhões
2021 – US$ 359 milhões
Saldo de empregos no setor (primeiro trimestre)
2020 – 7.564
2021 – 8.839
Estoque de empregos (em março)
2020 – 12.173
2021 – 13.701
Fonte: Departamento de Economia e Estatística (DEE)
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