Produzir tabaco de base agroecológica para ampliar e consolidar o cultivo de alimentos. Com esse intuito, a empresa Marajó, de São Paulo, e a Rede Sul, um conjunto de entidades e pessoas que lutam pela causa agroecológica, realizaram, no último sábado, 13, em Linha Água Fria, no interior de Sinimbu, o lançamento da marca Pety. Trata-se de um tabaco para enrolar semeado, plantado e colhido na propriedade de Celírio e Salete da Silva.
Os agricultores recebem o apoio para plantar e manejar a produção de forma totalmente sustentável. Eles conseguem comercializar o tabaco com preço fixado e acima da média paga pela arroba na região. Além de receber apoio técnico e insumos orgânicos, precisam plantar alimentos sem agrotóxicos e aditivos sintéticos, mantendo uma propriedade que trabalhe de forma sustentável, sem agredir o solo, as fontes de água e o meio ambiente.
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No ano passado, Celírio e Salete foram os pioneiros e a safra rendeu uma tonelada de tabaco. Em 2022, mais um casal de agricultores foi incluído na iniciativa, também no interior de Sinimbu. Mateus Rodrigues da Silva e Taís de Oliveira Moura, da localidade de Linha Branca, entraram no projeto e foram destaque da edição da Gazeta do Sul do dia 15 de julho, em virtude do Dia da Juventude Rural. Com duas propriedades produzindo o tabaco de base agroecológica, a expectativa é de que sejam colhidas mais três toneladas na próxima safra.
Fundador, sócio e diretor de sustentabilidade da empresa Marajó, Felipe Roth Faya explica que o Projeto de Transição Agroecológica na Agricultura é financiado pela empresa e coordenado pela Rede Sul. Segundo ele, a experiência tem dado resultados relevantes, unindo o lucro da empresa, a geração de renda no campo e a redução de danos ao meio ambiente. “O mais importante disso é que a gente conseguiu produzir uma tonelada de tabaco, reduzir 47 litros de agrotóxicos usados na propriedade e aumentar a renda familiar em três ou quatro vezes no período”, frisa. Além disso, o produtor conseguiu construir uma estufa de alimentos, plantar um pomar com mais de 100 árvores frutíferas, consertar maquinário da propriedade, comprar uma vaca leiteira e produzir mais de 40 tipos de alimentos.
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Integrante da Rede Sul, o agrônomo Evandro Lucas, estudante de doutorado em Desenvolvimento Rural na Ufrgs, destaca que, mais do que uma revolução no modo de trabalho no campo, as práticas agroecológicas são uma necessidade. “A produção convencional de tabaco expõe os agricultores a agrotóxicos”, observa.
Celírio da Silva, de 49 anos, afirma que a ideia de produzir tabaco sem agrotóxicos e alimentos vinha de mais tempo. Ele ressalta que já teve uma experiência com o produto orgânico há cerca de 12 anos, mas o projeto não foi adiante. Graças ao apoio da Rede Sul e da Marajó, foi possível retomar o trabalho e ter bons resultados. Além dos benefícios à saúde e ao meio ambiente, o preço fixo é um dos maiores incentivos à produção sem defensivos ou fertilizantes químicos.
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Para o professor do Bacharelado em Agroecologia da Uergs, João Paulo Reis Costa, o cultivo de tabaco agroecológico como incentivo para a produção de alimentos é uma revolução positiva no campo. “A intenção também é mostrar para sociedade que é possível a gente produzir algo tão controverso, como o tabaco, com as melhores práticas possíveis. Mas que o recurso empregado na remuneração dessa produção gere alimento saudável na mesa das pessoas”, salienta.
O tabaco para enrolar ainda é pouco difundido no mercado. O consumo é diferente dos produtos convencionais da indústria. O usuário precisa enrolar o próprio cigarro, o que torna a experiência quase que um ritual. Um dos membros da Redesul, o engenheiro agrícola Miquéli Schiavon, não é fumante. Contudo, ele ressalta que as informações recebidas de quem consome o produto são totalmente positivas.
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Schiavon afirma que a experiência com o cigarro de base agroecológica pode ser menos danosa em comparação com o cigarro industrial. No caso da marca Pety, o produto é vendido em embalagens de 25 gramas, chegando ao mercado com um preço médio entre R$ 20,00 e R$ 30,00.
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