As baixas temperaturas das últimas semanas estão atrapalhando a progressão do tabaco no Rio Grande do Sul. Isso porque a cultura depende do sol e de calor para avançar e atingir os estágios mais avançados de seu desenvolvimento. Com isso, os produtores já verificam um atraso na comparação com o mesmo período do ano passado e esperam por melhorias nas condições climáticas. A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) ainda não considera a situação preocupante e acredita em recuperação até o final do ciclo.
De acordo com o coordenador de Pesquisa e Estatística da Afubra, Alexandre Paloschi, a ausência do sol provoca impacto reduzido, mas as madrugadas e as manhãs frias são o principal problema. “Com esse clima, o tabaco não consegue se desenvolver plenamente. A planta fica estagnada até que cheguem os dias mais quentes”, explica. Há, porém, um período para esse avanço. “Se não ocorrer nesse tempo, pode não gerar uma safra plena como deve ser.” Uma das complicações é que as folhas podem ficar mais estreitas e não atingir o peso que seria possível em um contexto ideal.
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Apesar dessa dificuldade, Paloschi diz que as lavouras estão adequadas e com bom aspecto, indicando que a qualidade do produto colhido tende a ser boa. “O que precisamos é que o calor chegue logo para que esse tabaco se desenvolva e nós tenhamos uma boa safra, como todos esperam”, observa. O especialista detalha que essa condição afeta mais uma minoria de produtores que plantaram cedo e, de maneira geral, o clima ainda não preocupa, e não deve comprometer a safra no Estado.
Essa diferença de etapas entre as regiões também chama a atenção. Enquanto em alguns municípios, como São Lourenço do Sul e Canguçu, o plantio ainda está decorrendo e chega a 80% da área, em outros, como Santa Cruz do Sul, a colheita já começou. Há ainda casos curiosos, como o de Camaquã, onde há plantio e colheita sendo realizados simultaneamente. Segundo Paloschi, cada região tem ciclos de tabaco distintos, e que variam conforme o clima. Onde faz mais calor, se planta mais cedo, e onde as temperaturas são mais amenas ou frias, o plantio é mais tardio. Na microrregião de Santa Cruz do Sul, o total colhido até o momento é de 2,6%, ligeiro aumento sobre os 2% registrados no mesmo período do ano anterior.
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Novas incidências de granizo
Conforme os dados da Afubra, até o último sábado a microrregião de Santa Cruz do Sul havia registrado 367 avisos de granizo. No domingo, porém, houve incidência em alguns locais e, com isso, o número deve ficar em torno de 380 registros. No mesmo período do ano passado, o total era de 467 avisos. Considerando os três estados da Região Sul do Brasil, são até agora 1.332 avisos, ante os 3.144 da safra 2021/22, também no mesmo período.
Paloschi enfatiza que, apesar da queda expressiva, trata-se de um dado que pode se elevar muito rápido caso haja incidência de granizo em uma localidade com muitas propriedades produtoras de tabaco. “Se chega uma nuvem e atinge uma região como a nossa, para chegarmos a 3 mil ou 4 mil associados afetados basta duas ou três horas.” O coordenador de Pesquisa e Estatística da Afubra lembra ainda que termina no dia 30 de outubro o prazo para adesão ao seguro mútuo.
Os agricultores esperam por dias melhores
Nas localidades do interior de Santa Cruz do Sul, o sentimento entre os produtores de tabaco é de apreensão e também esperança por dias melhores. Em Linha Nova, o agricultor Carlos Roberto Appelt diz que as chuvas do início do ciclo e os dias de pouco calor são os principais empecilhos para sua lavoura até o momento. “Com as madrugadas frias, as plantas não se desenvolvem bem. Agora até que está melhorando, mas ainda precisa esquentar mais.” Ele frisa que é evidente a diferença de progressão em relação a 2021 para esta mesma época do ano.
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Enfrentou ainda outros transtornos, como o granizo. Apesar da baixa incidência e do tamanho reduzido das pedras, Appelt conta que teve prejuízos. As lavouras plantadas em julho e que já estavam mais avançadas sofreram danos maiores, enquanto as mais recentes devem se recuperar até o momento da colheita. Ele plantou 50 mil pés nesta safra, um pequeno incremento sobre a anterior, mas revela que está repensando a decisão. “Talvez eu tenha que reduzir no próximo ano devido à falta de mão de obra. A que encontramos está tão cara que quase não compensa”, refere.
Ao comentar sobre a expectativa para o encerramento do ciclo, o produtor diz que não espera conseguir o mesmo resultado expressivo que obteve na safra passada, em função do clima atípico. A mesma queixa é feita por Luciano Helfer e seu pai, José Francisco, da mesma localidade. “Além do atraso, a falta de sol e de calor faz aparecer muitos brotos. Isso é mais um problema com que temos de lidar.” Os dois divergem sobre a previsão da colheita. Enquanto o filho acredita que será possível manter a média de 12,8 arrobas para mil pés obtida em 2021, o pai acha que o número deve cair para em torno de 10 arrobas para mil pés.
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