Poucos minutos após a Anvisa entrar no gramado e suspender a partida entre Brasil e Argentina pelo descumprimento de protocolos sanitários, na tarde deste domingo, 5, o episódio ganhou destaque nos principais jornais internacionais. O Olé, diário esportivo mais famoso do país rival, classificou o episódio como um “papelão mundial”.
“Incrível mas real… nunca antes foi visto um oficial de fora da partida entrar em campo e parar tudo. É o que aconteceu em São Paulo”, escreveu o periódico. O Clarín, também da Argentina, chamou a suspensão da partida de “escândalo”, assim como o espanhol Marca, que publicou uma foto de Emiliano Buendía, Emiliano Martínez, Lo Celso e Cristian Romero viajando juntos para o confronto com o Brasil. O As, também da Espanha, destacou as informações falsas dadas pelos atletas: “Quatro jogadores argentinos falsificaram seus formulários”.
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O The Guardian colocou na manchete que as autoridades brasileiras “tentaram deportar” os quatro jogadores argentinos irregulares para a partida. O jornal destacou o comentário de Claudio Tapia, presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), que negou que os atletas tenham mentido. “Existe uma legislação sanitária que rege todos os torneios sul-americanos. As autoridades sanitárias de cada país aprovaram um protocolo que temos cumprido ao máximo.”, disse. “O que vivemos hoje é lamentável para o futebol, é uma imagem muito ruim.”
O italiano La Gazzetta dello Sport escreveu que o jogo foi interrompido “por falta de quarentena”, chamando os quatro atletas argentinos de “jogadores da discórdia”. Na mesma linha, o francês L’Equipe citou uma “violação de protocolos de covid”.
CBF lamentou o ocorrido e se disse “surpresa” com a ação
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamentou a suspensão da partida entre o Brasil e a Argentina e se disse “surpresa” com a ação da Anvisa de interromper o jogo. “A CBF defende a implementação dos mais rigorosos protocolos sanitários e os cumpre na sua integralidade. Porém ressalta que ficou absolutamente surpresa com o momento em que a ação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária ocorreu, com a partida já tendo sido iniciada, visto que a Anvisa poderia ter exercido sua atividade de forma muito mais adequada nos vários momentos e dias anteriores ao jogo”, disse a CBF, em comunicado.
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Em seu comunicado, a CBF negou ter interferido na entrada e na permanência dos quatro jogadores argentinos em solo brasileiro. “A CBF destaca ainda que, em nenhum momento, por meio do Presidente interino, Ednaldo Rodrigues, ou de seus dirigentes, interferiu em qualquer ponto relativo ao protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no país”, afirmou a nota.
Seleção argentina afirma que cumpriu os protocolos
O presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA), Claudio Tapia, lamentou a suspensão do clássico com o Brasil pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, rebateu a Anvisa e afirmou que a seleção argentina tem cumprido os protocolos sanitárias estabelecidos pelas autoridades sanitárias de cada país. “O que aconteceu hoje é lamentável para o futebol, é uma imagem muito ruim. Quatro pessoas entraram para interromper o jogo para fazer uma notificação e a Conmebol pediu aos jogadores que se dirigissem ao vestiário”, disse Tapia.
O presidente da AFA discorda da posição do órgão sanitário brasileiro e assegurou que o protocolo contra a covid-19 tem sido respeitado pelos argentinos. “Fico muito triste. Não procuro culpado. Se algo aconteceu ou não aconteceu, não era momento para intervir”, reclamou o treinador. Segundo o técnico, ele e os atletas não receberam qualquer comunicado para avisar que os quatro atletas citados não estariam aptos a entrar em campo. “Em nenhum momento fomos avisados de que não poderiam jogar. Queríamos jogar, os jogadores brasileiros também”, declarou.
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“Deveria ter sido uma festa para todos, para desfrutar dos melhores jogadores do mundo. Gostaria que o povo argentino entendesse que, como treinador, tenho que defender meus jogadores”, completou.
Entenda
O jogo entre Brasil e Argentina foi paralisado aos cinco minutos do primeiro tempo quando agentes da Anvisa e da Polícia Federal entraram em campo informando que atletas da seleção vizinha deram informações falsas ao ingressarem no Brasil. Segundo o órgão eles deveriam ter feito uma quarentena e ser mandados de volta ao país de origem, mas foram escalados para o confronto. Agora, a Fifa determinará os próximos passos para a definição do duelo.
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A Anvisa havia emitido uma nota oficial antes da partida para alertar que quatro jogadores da seleção argentina havia descumprido regras sanitárias para entrar no Brasil. De acordo com o comunicado, Emiliano Martinez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero, deveriam ter sido colocados em quarentena e mandados de volta ao país de origem, pois mentiram na hora de desembarcar em território brasileiro.
A Argentina enfrentou a Venezuela na última quarta-feira, 1º, na casa dos adversários, e desembarcou em Guarulhos na sexta-feira, 3, para enfrentar o Brasil. No aeroporto, os jogadores foram questionados se tiveram passagem por Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia nos últimos 14 dias. Desde junho, passageiros que visitaram esses países no período de duas semanas são impedidos de entrar no Brasil, como precaução contra a disseminação da variante delta do coronavírus.
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