Após a orientação da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), na sexta-feira, 1º, para a retirada do livro “O Avesso da Pele” de bibliotecas da rede estadual de Santa Cruz do Sul, na noite desse sábado, 2, a Secretaria Estadual de Educação informou que não orientou que a obra de Jeferson Tenório fosse recolhida.
Conforme GZH, uma nota da pasta foi enviada à imprensa, informado a situação. No texto, consta que a 6ª CRE, responsável por atender a região de Santa Cruz do Sul, “vai seguir a orientação da secretaria e providenciar que as escolas da região usem adequadamente os livros literários”.
O caso ganhou repercussão após a divulgação de um vídeo gravado pela diretora da Escola Ernesto Alves, Janaina Venzon, onde ela faz duras críticas ao romance que aborda centralmente o racismo estrutural. Segundo ela, são usados na obra palavras de baixo calão e conteúdo de ato sexual entre personagens. Até a noite desse sábado, o conteúdo contava com mais de 20 mil visualizações.
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“A Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc) não orientou para que a obra O avesso da pele, de Jeferson Tenório, integrante do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), fosse retirada de bibliotecas da rede estadual de ensino. O uso de qualquer livro do PNLD deve ocorrer dentro de um contexto pedagógico, sob orientação e supervisão da equipe pedagógica e dos professores. A 6ª Coordenadoria Regional de Educação vai seguir a orientação da secretaria e providenciar que as escolas da região usem adequadamente os livros literários”, diz a nota da Secretaria de Educação envida para GZH.
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Na manhã deste domingo, 3, a diretora da Escola Ernesto Alves, Janaina Venzon, emitiu uma nota sobre o livro “O Avesso da Pele”. No texto, ela cita que não está questionando a qualidade da obra quanto ao contexto do racismo estrutural apresentado no romance. “Estou questionando termos impróprios constantes no livro que não acrescentam valores éticos, pelo contrário, palavras que deturpam as atitudes éticas que desejamos por parte de nossos adolescentes em processo de transformação e formação de valores cívicos e éticos”, escreveu.
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A diretora também ressaltou que nenhum professor, ao escolher qualquer obra, recebeu a cópia física do livro para analisar junto à coordenação pedagógica da escola. “O MEC oferta e para sua publicidade mostra a capa e um resumo com os objetos de conhecimento, portanto não tem acesso ao livro no todo. Não podemos culpar quem escolheu já que não tiveram a prerrogativa de fazer a leitura. Os professores confiam no que um Ministério da Educação oferta para ser trabalhado dentro de uma Instituição de Ensino”, diz o texto.
Leia nota na íntegra
“Como diretora da escola não estou questionando a qualidade da obra quanto o Contexto do Racismo Estrutural apresentado na referido livro Literário . Estou questionando termos impróprios constantes no livro que não acrescentam Valores Éticos, pelo contrário, palavras que deturpam as atitudes Éticas que desejamos por parte de nossos adolescentes em processo de transformação e formação de valores Cívicos e Éticos.“
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“A presente obra é elogiável quanto à discussão sobre o Racismo Estrutural, porém, sendo nossos adolescentes menores de idade, e considerando a prioridade por abordagem Pedagógico Educacional Escolar. Em respeito às próprias famílias e os valores Éticos sadios que constantemente discutimos como Comunidade Escolar, a abordagem sobre a temática referida pelo autor concernente ao Racismo na nossa sociedade, deveria ter tido o cuidado de tratar o assunto sem usar termos impróprios para menores de idade, sobretudo em ambiente Escolar. Isto vai em desconformidade com o próprio ECA Estatuto da Criança ou adolescente.”
“Aqui, diferente do que menciona o autor e Editora, não é questão de censura, mas sim, de proteção da Criança e adolescentes a terminologias inadequadas para a idade, impróprias, do ponto de vista ético e respeitoso, civilidade, em qualquer idade.“
“Também não é cabível ideologias que vai ao desencontro da verdadeira arte de educar. Enquanto Escola, o que fazemos é Proteger a Criança e Adolescente não dá informação, mas dá desinformação ética e legal. Primamos por Valores Ético Morais de nossas crianças e adolescentes.”
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“Neste caso, ninguém da escola pediu censura, não partiu de nós está palavra.“
“O que se quer é uma abordagem Literária que respeite a menoridade e vulnerabilidade social, emocional e de valores éticos fundamentais que nossas crianças e adolescentes necessitam no viver e conviver social no cotidiano.“
“Nenhum professor, ao escolher qualquer obra recebeu a cópia física do livro para analisar junto à coordenação pedagógica da escola. Está cópia física vem somente nos livros didáticos. O MEC oferta e para sua publicidade mostra a capa e um resumo com os objetos de conhecimento, portanto não tem acesso ao livro no todo. Não podemos culpar que escolheu já que não tiveram a prerrogativa de fazer a leitura. Os professores confiam no que um Ministério da Educação oferta para ser trabalhado dentro de uma Instituição de Ensino.“
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“É Direito e Dever de uma Comunidade Escolar prezar que menores, crianças e adolescentes tenha acesso à literatura, mas é Direito e Dever da Comunidade Escolar preservar as mesmas crianças e adolescentes de terminologias que nada acrescentam para a educação da vida, por mais que o Contexto de uma Obra Literária seja Valorativo.“
“Vejo a imprensa brasileira distorcendo a questão como foi publicado no O GLOBO, TERRA, FOLHA de SÃO PAULO. Nenhuma entrou em contato comigo para saber da razão que tornamos a público., simplesmente usaram a brincadeira do telefone sem fio. Nenhuma imprensa perguntou aos pais da nossa escola qual seria a opinião sobre trabalhar com o livro no ambiente escolar.“
“Esperamos poder ter o direito de relatar os fatos como são e não como ouviram falar com distorção“, diz Janaína Venzon, diretora da escola.
A aprovação do livro “O Avesso da Pele” consta na portaria 140 de 14 de setembro de 2022, ainda no governo Jair Bolsonaro. A nota foi publicada no Diário Oficial da União dois dias depois e cita que as obras literárias receberam pareceres antes de constarem na lista. O documento é assinado por Gilson Passos de Oliveira, secretário de Educação Básica substituto. Oliveira também é conhecido por ter atuado como diretor de políticas públicas para escolas cívico-militares.
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