Duas suspeitas de meningite na Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR) provocaram tensão entre detentas e familiares nesta quarta-feira, 28. Uma das presas morreu no último domingo, 25, e outra está internada. Diante dos casos, outras detentas reclamaram de sintomas e houve um princípio de tumulto na unidade. O governo pernambucano nega a ocorrência de um surto e diz que até agora não foram identificadas novas infecções.
A detenta que morreu tinha 21 anos e chegou a ser levada para o Hospital Correia Picanço, no Recife. De acordo com a Secretaria de Saúde do município, a suspeita é que a causa da morte tenha sido o contágio por meningite meningocócica (forma mais grave da doença).
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES/PE) confirmou que outra detenta está no Hospital Correia Picanço, mas informou que a suspeita de meningite meningocócica já foi descartada pela equipe médica. O estado de saúde dela é estável.
Publicidade
De acordo com a secretaria municipal do Recife, as 23 mulheres que dividiam a cela com a detenta morta e quatro agentes penitenciários receberam medicação preventiva para evitar a infecção pela meningite. Quatro mulheres chegaram a relatar sintomas semelhantes aos da doença, mas passaram por exames e tiveram a suspeita descartada.
Por causa da crise, houve um princípio de tumulto na unidade. Do lado de fora do local, familiares aguardavam notícias a respeito das presas e aproveitaram a entrevista concedida pelo secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, para questioná-lo o atendimento dado às detentas.
Uma delas, mãe de uma companheira de cela da detenta morta, buscava informações sobre o risco de contrair meningite, já que na última visita, ocorrida no domingo, ela e o neto deitaram na cama onde a vítima de meningite dormia. “Estou preocupada com meu neto, ele pode estar doente?”, perguntou ao secretário.
Publicidade
ATENDIMENTO
Depois da mobilização das presas, o secretário Pedro Eurico, a ouvidora da secretaria e o promotor da Vara de Execuções Penais, Marcellus Ugiette, estiveram na unidade. “Nós estamos aqui dentro com equipe da vigilância sanitária, com um médico que é funcionário nosso, infectologista, e ele está monitorando todos os casos. Não existe, nesse momento, nenhum caso de meningite, nem bacteriana nem meningocócica aqui”, disse o secretário.
Sobre as queixas de sintomas de outras detentas, Eurico disse que todos os casos serão analisados. “Todas as pessoas estão sendo atendidas. E todo caso de qualquer presa que estiver com febre, dor de cabeça ou algum sintoma, imediatamente vamos encaminhar para os hospitais para fazer exame. Mas não existe nada que leve a um clima de pânico, de preocupação.”
Publicidade
Após o tumulto, duas presas tiveram que ser levadas a um hospital. Uma delas machucou o pé durante a confusão e outra será examinada para saber se a dor de cabeça e a febre que diz estar sentindo estão relacionadas à meningite. A mãe dela, Brígida Romão, 50, estava na porta do presídio e disse que a filha já teve meningite em 2002. “Quando estive aqui no domingo ela estava muito febril e soube que até agora não melhorou.”
O promotor Marcellus Ugiette saiu do local convencido de que, por enquanto, não há proliferação de casos dentro da unidade. “O que a gente sabe é que não há surto de meningite. Isso que nos foi passado e vamos acompanhar. Agora a gente entende que, num lugar onde só cabem 170 e têm 700 pessoas, mais ou menos, é difícil que não haja pânico”, ponderou.
Ugiette chamou a atenção para outros focos de insalubridade dentro da Colônia Penal Feminina. “Vamos tratar da caixa d’água, do esgoto, e especialmente do número de pombos que podem trazer e certamente vêm trazendo problemas de saúde na unidade”, listou.
Publicidade
This website uses cookies.