O que é judicialização da política, que tanto preocupou o ministro Luis Fux, ao assumir a presidência do Supremo? Ele fez um apelo a seus pares para que dessem um basta no que estava desgastando a Suprema Corte, ao assumir questões que deveriam ser resolvidas no Congresso. Não foi ouvido por dois anos e a Corte está cada vez mais desgastada, usada como instrumento de partidos que deveriam resolver questões políticas no foro político e não no foro judicial.
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Vejam por exemplo a atitude de dois pequenos partidos: a Rede, que tem apenas um senador e dois deputados, e o PSOL, que não tem senador e apenas oito deputados em 513. São os que mais recorrem ao Supremo. Ora, os eleitores brasileiros decidiram assim; limitou-lhes representatividade no Legislativo federal; em outras palavras, não lhes deu poderes para fazer leis por conta própria. Tampouco lhes deu muitas vozes para ocuparem a tribuna da Câmara e do Senado. Eles compensam isso usando o Supremo como alavanca de suas pretensões políticas e legislativas. O Supremo lhes dá a voz e o voto que os eleitores não lhes deram. Não é assim que funciona a democracia, em que prevalece a vontade da maioria. O Supremo então acrescenta na balança política o peso que o sistema democrático não deu a pequenos partidos.
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Há casos atuais desse uso nas mãos da própria presidente do Supremo. A ministra Rosa Weber é relatora de uma ação liderada pelo PSOL contra o indulto concedido ao deputado Daniel Silveira. Em primeiro lugar, é paradoxal que um partido com oito deputados endosse o desrespeito à própria inviolabilidade do mandato de deputado por quaisquer palavras, do artigo 53 da Constituição. Em segundo lugar, conceder indulto é atribuição do Presidente da República, sem condicionamento algum (artigo 84 XII). Mas o PSOL usa o Supremo como palanque em sua causa de oposição.
Outra ação do PSOL que está com Rosa Weber: o partido quer liberar o aborto até 12 semanas. A lei prevê a possibilidade de aborto em caso de estupro, risco de vida da mãe e má-formação encefálica do feto. O PSOL quer ampliar a lei mas não tem voto para isso. Então usa o Supremo para mudar a lei, sem que a Corte tenha recebido mandato para agir como legislativo. Mas já fez isso em outras vezes, criando crime de homofobia e alterando o conceito de família que está na Constituição, artigo 226.
Tudo isso com o pretexto do que está no artigo 5º, XXXV: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Aí, é uma festa para partidos pequenos, alegando direitos – que, na verdade, não estão no artigo 5º, mas são invenções político-ideológicas. Assim sendo, que sejam resolvidas entre os legítimos representantes do povo, com mandato específico para fazer leis. O Supremo é para interpretar a Constituição, não para mudá-la ou suprimir artigos e inventar outros. Até 20 anos atrás, quando um partido recorria ao Supremo em questões semelhantes, a reação era “arquive-se”, por se tratar de questão interna do Legislativo. O Supremo adorou ser ativista político e está se expondo ao desgaste que era exclusivo dos políticos.
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