Categories: Geral

Sub-registro de bebês cai para 1%; Norte e Nordeste ainda têm taxas altas

Sub-registro de bebês cai para 1%; Norte e Nordeste ainda têm taxas altasA certidão de nascimento é o primeiro documento civil de uma pessoa. Ela garante acesso a serviços públicos ao atestar o nome e a filiação de crianças e jovens. Em 2004, 17% das crianças não tinham a certidão de nascimento no primeiro ano de vida. Em 2014, esse percentual caiu para 1%, o que significa a erradicação do sub-registro civil de nascimento no Brasil. O dado faz parte do relatório Estatísticas do Registro Civil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no fim de novembro.

O secretário especial de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Rogério Sottili, diz que as ações do governo federal para erradicar o sub-registro ganharam reforço, em 2007, com a criação de um comitê gestor para articular órgãos e entidades.

“Isso deve ser comemorado, é muito importante e deve ser reconhecido como uma política de governo, de Estado, voltada para a situação dos vulneráveis e garantindo a eles um direito humano básico que é o direito à identidade que propicia o acesso às políticas públicas”, disse Sottili.

Publicidade

O secretário explicou que a certidão de nascimento abre as portas para a retirada de outros documentos, como a identidade, e é também o primeiro passo para a cidadania plena.

O gestor de relações institucionais da Pastoral da Criança, Clóvis Boufleur, avalia a erradicação como um avanço. “Ao chegar a esse índice de 1%, o país dá sinais de que as crianças devem ser prioridade absoluta, como está na Constituição”, disse.

Ele alerta, entretanto, que o índice é uma média nacional e que é preciso ficar atento a regiões como Norte e Nordeste em que as taxas de sub-registro ainda são altas.

Publicidade

Para ele, as campanhas de conscientização, a gratuidade do registro civil e o fato de a mãe poder registrar o filho no mesmo patamar de direito que o pai contribuíram para a redução do sub-registro.

Os dados mais recentes mostram ainda uma forte redução nos registros tardios, feitos com até dez anos de atraso, que passaram de 54,7%, em 1974, para 10,2%, em 2004.

Áreas vulneráveis

Publicidade

Os dados do IBGE mostram que as regiões Norte e Nordeste são as que têm os percentuais mais altos de sub-registro civil de nascimento. No ano de 2014, a Norte apresentou 12,5% de sub-registro e a Nordeste, 11,9%.

Clóvis Boufleur cita a dificuldade de acesso aos cartórios como um dos motivos dos índices de sub-registro nessas regiões. Ele cita ainda a maior frequência de partos domiciliares, nos quais as mães, muitas vezes, não recebem orientações sobre a importância de registrar os filhos.

“Para quem tem nada ou pouco recurso, gastar para ir a um cartório não é possível. Temos que desenvolver um projeto de registro itinerante, em parceria com cartório, prefeituras, serviços de saúde, igrejas. Que pelo menos uma vez por mês possa haver uma estratégia conjunta”, disse.

Publicidade

O secretário Rogério Sottili também acredita na importância de se reforçar estratégias em regiões vulneráveis. “Temos que levar para essas regiões uma campanha de informações sobre a importância da certidão de nascimento para que as pessoas também procurem cartórios e que a gente possa procurar as maternidades para que elas possam explicar esse processo”, disse.

O registro de nascimento é gratuito e pode ser feito a qualquer tempo, sem custo para os responsáveis pela criança. A lei determina que o recém-nascido deve ser registrado em cartório no prazo de 15 dias do nascimento – ou de até 3 meses nos casos em que os pais morem a mais de 30 quilômetros da sede do cartório.

Publicidade

TI

Share
Published by
TI

This website uses cookies.